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Como se cria um apagão de dados

Alvo de sucessivos ataques hackers, o Ministério da Saúde cortou pela metade os gastos no DataSUS

Imagem: Silvio Avila/AFP e Walterson Rosa/MS
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Qualquer criança consegue invadir este excremento digital, causar lentidão e até estragos maiores”, alertou um hacker em 29 de janeiro de 2021, após invadir a rede do Ministério da Saúde. “Favor levar a sério os assuntos de segurança da informação. Bolsonaro, dá um jeito aí”, acrescentou no recado estampado no FormSUS, um serviço do DataSUS para a criação de formulários. A recomendação, tudo indica, foi solenemente ignorada pelo governo. Passados pouco mais de dez meses, uma nova invasão derrubou o Painel Coronavírus, o e-SUS Notifica, o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI) e o Conecte SUS, com as referências da vacinação contra a Covid-19. “Os dados internos dos sistemas foram copiados e excluídos. 50 TB de dados está (sic) em nossas mãos. Nos contate caso queiram o retorno dos dados”, dizia a mensagem assinada pelo ­Lapsus$ Group, autor do ataque cibernético.

O resultado não poderia ser mais desastroso. Por mais de um mês, o País ficou no escuro, sem saber a real situação da pandemia. Sem dados oficiais, os brasileiros participaram das festas de Natal e réveillon ignorando o avanço da variante Ômicron, responsável por 95,9% das amostras de Coronavírus que passaram por análise genética da Fiocruz na segunda quinzena de janeiro. Na semana encerrada em 8 de fevereiro, o Brasil registrou a média diária de 823 mortes por Covid, alta de 123% em 14 dias, segundo o consórcio de veículos de imprensa, que coleta dados diretamente das secretarias estaduais de Saúde. De fato, não dá para confiar nas informações do governo federal, inerte diante dos ataques de hackers.

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