Um dos temas sobre os quais o Brasil se pronunciará durante a Conferência do Clima das Nações Unidas, a COP28, que começa na quinta-feira 30, é a chamada justiça climática. O evento ocorerá em Dubai, nos Emirados Árabes.
A CartaCapital, a especialista em Política Climática Marina Marçal afirmou já haver um consenso estabelecido ao longo das últimas conferências de que os países do Norte Global, responsáveis pelo aumento das emissões dos gases de efeito estufa, têm uma dívida histórica com o Sul Global. Para Marçal, é necessário avançar com a implementação de alguns fundos prometidos.
“O grande tema-chave de negociação ligado à justiça climática é o de perdas e danos, anunciado no ano passado, no Egito. Há uma grande expectativa de se ouvir mais sobre a materialização desse fundo, que teria a função de, no contexto dos eventos extremos, reparar não só monetariamente, mas fazer com que esses recursos que cheguem aos países periféricos possam preservar bens que não têm preço”, afirmou.
Ela reforçou que as tragédias climáticas também provocam danos a elementos da natureza, como rios, que têm grande valor ancestral para comunidades indígenas, por exemplo.
Na entrevista, a especialista também destacou a chamada agenda da adaptação, que aborda os territórios mais vulneráveis diante das mudanças do clima e que deveriam receber mais atenção.
“O Brasil pretende fazer um anúncio nessa COP, falar sobre adaptação e financiamento, entendendo o papel das cidades como os locais onde isso acontece”, declarou. As cidades, reforçou, são os “locais em que as ações climáticas podem ser implementadas de forma colaborativa aos planos do governo federal, a avançar para uma transição de forma mais justa”.
“A agenda de adaptação se conecta muito com a de justiça climática, e eu acredito que o governo brasileiro vai trazer propostas ambiciosas de integração entre governo federal, estados e municípios, para entregar um novo plano de adaptação climática para o ano que vem.”
Assista à entrevista completa:
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