Política
Como governistas reagiram ao fim da Magnitsky contra Moraes
O presidente dos Estados Unidos voltou atrás na punição ao magistrado do Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira
A decisão de recuar nas sanções da Lei Magnitsky ao ministro Alexandre de Moraes e sua esposa significa um revés ao bolsonarismo e foi motivo de comemoração entre lideranças governistas. O presidente dos Estados Unidos voltou atrás na punição ao magistrado do Supremo Tribunal Federal nesta sexta-feira 12, quase cinco meses depois de enquadrá-lo na legislação.
“Vitória do Brasil e da diplomacia”, resumiu o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), em vídeo publicado no X. “Presidente Lula, você conseguiu recolocar o Brasil no caminho do diálogo depois de toda aquela sabotagem feita pela família Bolsonaro”, completou, em referência à articulação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) para impor sanções a autoridades brasileiras.
Fernanda Melchionna (RS), deputada do PSOL, também aproveitou o momento para alfinetar o colega de Parlamento: “Já era tempo de corrigir essa imposição imperialista sobre um ministro brasileiro. Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo devem estar chorando em posição fetal neste momento”, disse. “A lei dos EUA era uma das únicas esperanças do verme Eduardo Bolsonaro para pressionar o Brasil pela anistia ao condenado e presidiário Jair Bolsonaro”, acrescentou Érika Hilton (PSOL-SP), também via redes sociais.
Outro a se manifestar foi o senador Humberto Costa (PT-PE), para quem o recuo de Donald Trump representa uma “derrota para os bolsonaristas que tentaram atacar a democracia brasileira e fragilizar as instituições”. Vice-presidente nacional do PT, o prefeito de Maricá (RJ) Washington Quaquá também destacou a recente aproximação do magnata norte-americano com o presidente brasileiro como sendo a responsável pelo fim das sanções a Moraes e sua esposa, a advogada Viviane Barci.
Esse movimento ocorre à luz do avanço de negociações sobre um plano conjunto de combate ao crime organizado e à possível suspensão das tarifas adicionais impostas a produtos brasileiros. Para o governo Lula, a revogação é considerada decisiva para reconstruir a confiança entre os países e destravar projetos bilaterais de segurança e comércio.
O petista e Trump, aliás, conversaram por telefone no início do mês. Além de tratar da parceria na área da segurança pública, o brasileiro chegou a mencionar a sanção ao ministro do STF como ponto importante na retomada das relações diplomáticas com os EUA, de acordo com relatos de assessores.
Moraes foi enquadrado pela Magnitsky em julho e sua esposa, em setembro. A reversão ocorre após uma revisão interna conduzida pelo Tesouro e pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos, que avaliou que o enquadramento original, motivado pela atuação de Moraes no julgamento da trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não se sustentava mais.
O recuo, portanto, derruba todas as restrições financeiras e territoriais impostas ao casal, incluindo impedimentos de circulação, bloqueio de ativos e proibição de transações em dólar. Também foi excluída das sanções a Lex Estudos Jurídicos, empresa do casal.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que a retirada das sanções “é uma grande vitória do Brasil. “Foi Lula quem colocou esta revogação na mesa de Donald Trump, num diálogo altivo e soberano”, escreveu na publicação. Ela também acrescentou que o movimento é “uma grande derrota da família de Jair Bolsonaro, traidores que conspiraram contra o Brasil e contra a Justiça”.
Marília Arraes, deputada federal (PT-PE): “Histórico! Após negociação com o presidente Lula, Donald Trump acaba de retirar o ministro Alexandre de Moraes e sua esposa da lista de sancionados pela Lei Magnitsky. Como é bom ter um presidente respeitado. Mais uma derrota dos falsos patriotas! Faz o L!”.
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