Política

Como Boulos pode construir um clima de virada nas eleições de São Paulo

Para o cientista político Aldo Fornazieri, a campanha do psolista carece de uma marca, algo indispensável para desafiantes

Como Boulos pode construir um clima de virada nas eleições de São Paulo
Como Boulos pode construir um clima de virada nas eleições de São Paulo
Guilherme Boulos em agenda de campanha em 8 de outubro de 2024. Foto: Leandro Paiva/@leandropaivac
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A campanha de Guilherme Boulos (PSOL) à prefeitura de São Paulo carece de uma estratégia clara e de uma marca, o que contribui para o favoritismo do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) no início do segundo turno. Essa é a análise de Aldo Fornazieri, doutor em Ciência Política pela USP, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP) e colunista de CartaCapital.

No atual cenário, destaca, é fundamental estimular um clima de virada, com mobilização intensa e diária nas ruas – o que, em sua opinião, não não tem ocorrido.

“Quando você é o desafiante da campanha, tem de ter uma ou duas marcas muito fortes, que chamem a atenção. É uma campanha que não tem uma marca”, diz. “Ele teria de mobilizar os conjuntos nervosos eleitorais da cidade, com um exército de campanha na rua. Essa campanha nasceu sem estratégia e parece que continua assim.”

Nestes primeiros dias de retomada, Boulos tem protagonizado encontros públicos com militantes de movimentos sociais e partidos para unificar estratégias de mobilização. Na quarta 9, ele caminhou e conversou com eleitores no Largo Treze, no bairro de Santo Amaro.

Internamente, a ordem é seguir desconstruindo a imagem de Nunes e seu legado administrativo na prefeitura, além de abrir caminhos para avançar sobre o eleitorado não-ideológico de Pablo Marçal e também sobre o de Tabata Amaral.

Três pesquisas vieram à tona nesta quinta-feira 10 e, apesar de algumas diferenças, indicam o mesmo quadro geral: Nunes lidera a disputa com certa folga. Veja os principais números:

O Datafolha indica também que 84% dos eleitores de Pablo Marçal (PRTB) declaram voto em Nunes no segundo turno, enquanto apenas 4% projetam escolher Boulos. Trata-se de um universo nada desprezível, uma vez que o ex-coach amealhou mais de 1,7 milhão de votos.

Boulos, por sua vez, atrai 50% dos eleitores de Tabata Amaral (PSB). Além da porcentagem inferior, contudo, cabe relembrar que a deputada federal recebeu pouco mais de 605 mil votos, bem distante de Marçal.

Fornazieri também contesta o fato de Boulos tentar apenas no segundo turno liderar um discurso pró-empreendedorismo, como forma de buscar eleitores de Marçal e mais apoiadores de Tabata. Para ele, a primeira parte da campanha deveria ter se baseado no que chama de projeção de reputação, a partir dos valores, das virtudes e das propostas do candidato. “O primeiro turno não construiu o segundo”, resume.

Ele não descarta a possibilidade de uma reviravolta, mas diz que o ponto central nesta semana inicial é viabilizar uma redução significativa da diferença. “Se tudo correr bem, ele pode virar o jogo, mas é preciso estratégia, capacidade de organização e comando.”

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