Política
Como atua a Arco Construções, empresa ligada a Juscelino Filho, segundo jornal
A construtora concentra as suas obras em Vitorino Freire (MA), reduto eleitoral do ministro


No centro das investigações da Polícia Federal (PF) sobre supostas irregularidades na pavimentação de estradas no Maranhão, a empresa Arco Construções, ligada ao ministro das Comunicações, Juscelino Filho, apresenta uma série de irregularidades operacionais, segundo informações divulgadas nesta sexta-feira 24 pelo jornal Folha de S. Paulo.
As informações apontam que a empresa não conta com funcionários registrados, possui dívidas com bancos públicos e privados e, principalmente, concentra as obras na cidade que é conhecida como o reduto eleitoral do ministro e da sua irmã, Luanna Rezende: Vitorino Freire, no Maranhão.
De acordo com a matéria, a Arco Construções é ré em processos movidos por bancos em razão de dívidas. A principal delas se refere ao Banco do Nordeste, que cobra na Justiça o valor de 1,25 milhão de reais. Outro banco público para o qual a construtora é devedora é a Caixa Econômica Federal, que pede 250 mil reais em duas ações contra a empresa.
Dados do Tribunal de Contas do Maranhão mostram, segundo a publicação, que todos os contratos da Arco Construções foram realizados na cidade de Vitorino Freire. No último mês de setembro, a prefeita do município e irmã de Juscelino Filho foi alvo de uma operação da PF. Ela chegou a ser afastada da prefeitura por suspeitas de desvios de recursos federais da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). Luanna Rezende nega que tenha cometido irregularidades no manejo dos recursos.
No total, segundo a matéria, são nove contratos celebrados entre a Arco Construções e o município. Eles envolvem pavimentação, construção de praças e de uma escola, além do aluguel de maquinário pesado na cidade.
Outro caso envolvendo a empresa foi revelado ontem, também pela Folha de S. Paulo, e mostra que dois convênios realizados com emendas de Juscelino Filho teriam beneficiado uma propriedade do próprio ministro.
Um dos convênios, por exemplo, teria bancado a recuperação de uma estrada que liga Vitorino Freire a uma propriedade da família do ministro. A responsável pela construção, de acordo com a matéria, foi a Arco Construções.
Os registros da construtora mostram que a empresa foi criada em 2015, mesmo ano em que Juscelino Freire começou a exercer o seu primeiro mandato como deputado federal. No começo, a responsável pela empresa era Lia Candida Parente Santana, que se tornaria assessora de Juscelino em 2017. Atualmente, o dono da empresa é Antonio Tito Salem Soares, nome que é visto pelos investigadores como “testa de ferro” do ministro.
O advogado da construtora, Gustavo Belfort, garante que a empreiteira age de acordo com a lei e que não pertence a Juscelino Filho. A defesa do ministro vai na mesma linha, negando qualquer ligação entre o chefe da pasta das Comunicações e a Arco Construções. Além disso, a defesa diz que são “absurdas as ilações de que Juscelino tenha tido qualquer proveito pessoal com sua atividade parlamentar”.
“Trata-se de mais uma ataque na tentativa de criminalizar as emendas parlamentares, um instrumento legítimo e democrático do Congresso Nacional, enquanto não há absolutamente nada que desabone a atuação de Juscelino Filho no Ministério das Comunicações”, afirma a nota divulgada ontem, em relação à denúncia de que Juscelino Freire, quando ainda era deputado, teria utilizado recursos públicos para pavimentar, via Arco Construções, a estrada que leva à fazenda da família.
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