Política

Comissão Justiça e Paz fala do uso indiscriminado de armas pela polícia em SP

“O movimento popular não controla as pessoas violentas que a ele aderem e tampouco as autoridades têm controle sobre a ação violenta da repressão”, disse o presidente da Comissão

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O presidente da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, Antonio Funari Filho, liberou uma carta aberta às autoridades públicas estaduais e municipais nesta sexta-feira 14. A instituição, ligada à Arquidiocese de São Paulo, falava dos protestos contra o aumento da passagem do transporte público na capital paulista e afirma a legitimidade do movimento. Funari Filho ressaltou que “o movimento popular não controla as pessoas violentas que a ele aderem e tampouco as autoridades têm controle sobre a ação violenta da repressão”. Ele pede que esse seja o ponto de início para um diálogo.

Abaixo a carta na íntegra:

Senhor Governador e Senhor Prefeito

A Comissão Justiça e Paz de São Paulo, entidade fundada por Dom Paulo Evaristo Arns em 1972, vem em presença de Vossas Excelências ponderar e sugerir o que segue:

Vossas Excelências muito acertadamente declararam que as manifestações do movimento Passe Livre são legítimas e que o que não se pode admitir é a violência.

Vossas Excelências também declararam em uníssono que é impossível haver qualquer redução no valor da tarifa porque ela foi corrigida com índice inferior à inflação acumulada do período, o que já afastaria a possibilidade de negociação.

O resultado é que a falta de negociação tem acarretado o que é inadmissível, ou seja, a violência tomando conta das ruas, sendo praticada por alguns populares e por  policiais. O uso da Polícia Militar desde o início da manifestações não conseguiu estancá-la,  aterrorizou a população com o uso indiscriminado de armas menos letais e de efeito moral.  O uso recente da Rota transformou o que já era aterrorizante  em praças de guerra e provocou a multiplicação do número de feridos e aumentou a natureza das lesões sofridas.

Entendemos que se esta onda de violência  registrada nas recentes manifestações não for estancada, o problema  só se agravará, podendo resultar até em consequências piores e até em mortes. Os problemas sociais são de tal complexidade que não podem ser resolvidos pela repressão policial.

Temos certeza que os organizadores dos protestos e o poder público querem pôr fim à violência. Entretanto, o movimento popular não controla as pessoas violentas que a ele aderem e tampouco as autoridades têm controle sobre a ação violenta da repressão.

Entendemos que este ponto comum entre as partes possibilita um início de diálogo em que se possa chegar não apenas a um acordo quanto ao fim da violência e mas também quanto à questão da melhoria do transporte público e de uma política de tarifas que assegure ao cidadãos de São Paulo condições  menos indignas de vida.

A paz é fruto da Justiça.

Atenciosamente

Antonio Funari Filho

Presidente

 

 

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