Política

Com nomes do PT, MDB e União, Lavagem do Bonfim dá largada a ano eleitoral em Salvador

Evento contou com a participação das principais lideranças da política baiana

Lavagem do Bonfim funciona como um "termômetro" da política baiana. Foto: Feijão Almeida/GOVBA
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Em anos eleitorais, a tradicional Lavagem do Bonfim, em Salvador, se transforma em uma vitrine para as lideranças políticas. De olho no pleito de outubro, figuras como Geraldo Júnior (MDB), vice-governador e principal adversário do atual prefeito Bruno Reis (União), e ACM Neto (União) mediram forças no cortejo desta quinta-feira 11.

Apoiado pelo PT, Geraldo busca se viabilizar como candidato às eleições municipais. Atualmente, Bruno Reis lidera as pesquisas de opinião com larga vantagem, de mais de 51% de preferência, segundo o último levantamento do Atlas Intel.

Durante o trajeto, Geraldo se cercou de apoiadores e reforçou ações do governo, sua principal bandeira para tentar se destacar entre os concorrentes. Ele, que atualmente pontua tímidos 12% de intenção de votos, afirmou não se preocupar com os levantamentos.

“Eles ficam com as pesquisas e nós ficamos com as vitórias. Sempre foi assim”, disse. A fala é em referência às últimas eleições, quando o candidato ACM Neto liderava a maior parte das pesquisas, mas foi derrotado nas urnas.

Estratégia do PT em Salvador

Apesar de ter dado quase 70% dos votos para Lula, o PT patina quando o assunto é um candidato para a prefeitura de Salvador. A capital baiana nunca teve um prefeito do partido.

Assim como fez em São Paulo, com Guilherme Boulos (PSOL), a sigla decidiu abrir mão de ser cabeça de chapa após o fracasso das eleições de 2020. No último pleito, a candidata petista, a policial militar Major Denice, fez apenas 18,86% nas urnas soteropolitanas, entregando a prefeitura para Bruno Reis no primeiro turno, com mais de 60% dos votos.

O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT), admitiu o revés de 2020 e defendeu unidade para superar o candidato à reeleição. “Nós mudamos e conseguimos unificar em torno de Geraldo, que é uma pessoa conhecida demais de Salvador, ex-presidente da Câmara, vereador, agora vice-governador”, disse.

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) exaltou Geraldo e se limitou a dizer que espera que as eleições municipais “possam ajudar a Bahia a escolher bons prefeitos, boas prefeitas, bons vereadores e vereadoras”.

Figuras do quadro nacional do PSOL, como o ex-deputado Marcelo Freixo, também foram à capital baiana para participar da lavagem. Freixo esteve ao lado do governador do estado e de sua base aliada. A ministra da Cultura Margareth Menezes também marcou presença no ato.

O ex-governador e atual ministro da Casa Civil Rui Costa (PT) não participou do ato neste ano. Rui encerrou seu último mandato, em 2022, com avaliação positiva de 52% dos eleitores de Salvador, segundo pesquisa do Datafolha. Por isso, ele é considerado uma figura chave para uma possível eleição de Geraldo.

Favorito para levar o pleito, Reis adotou um tom de otimismo e disse confiar no trabalho que vem sendo realizado pela prefeitura. “Nossa gestão está muito bem avaliada e hoje nas ruas a gente vai colher o fruto e ter o reconhecimento de tudo que nós plantamos, e de tudo que ainda vamos colher”, disse em conversa com jornalistas durante o percurso.

Uma das principais lideranças de Salvador, o ex-prefeito ACM Neto, que teve uma participação tímida em 2023 após sua derrota para Jerônimo, voltou a buscar destaque na comemoração religiosa e também comentou com otimismo a aprovação da gestão de Reis.

“Bruno chega forte, inicia o quarto ano do seu mandato, acho que chega com todo respaldo da população, com serviços públicos se expandindo e a população está sendo bem cuidada”, disse.

Importância histórica

A lavagem da Igreja teve início em 1773, quando os integrantes da “Devoção do Senhor Bom Jesus do Bonfim” constituída por devotos leigos faziam com que os escravizados a lavarem e ornamentarem a Igreja como parte dos preparativos para a festa do Senhor do Bonfim. Desde então, é realizada anualmente na quinta-feira que antecede o segundo domingo após o Dia de Reis.

Durante a tradicional lavagem, as portas da Igreja permanecem fechadas e as baianas despejam água de cheiro nos degraus e no adro, ao som de toques e cânticos das religiões de matriz africana.

Mais de 250 anos depois, o dia de festejos se consolidou como uma homenagem viva à história, à fé e à cultura do povo baiano.

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