Com aval de Bolsonaro, PL cearense deve apoiar Ciro em eventual candidatura a governador

Apesar de Ciro Gomes (PSDB) ainda não ter definido se disputará o governo do Ceará em 2026, o diretório do PL no estado já recebeu o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro e bateu o martelo no apoio ao novo tucano.

Quem recebeu a missão de negociar a aliança foi o deputado federal André Fernandes, que comanda a representação cearense. O parlamentar, principal figura do bolsonarismo no estado, era a primeira opção do PL para o pleito, mas não tem a idade mínima exigida para concorrer à sucessão do governador Elmano de Freitas (PT).

O anúncio das bençãos de Bolsonaro à união ocorreu durante um café nesta terça-feira 28. Em troca, o PL terá uma das vagas do Senado, com a candidatura do pastor Alcides Fernandes – pai de André Fernandes. Os demais espaços da chapa devem ser utilizados para atrair outros partidos, especialmente PP e União Brasil.

A aproximação entre Ciro e o bolsonarismo cearense não é novo. Desde o ano passado, o ex-governador tem atuado em sintonia com lideranças da direita no estadp — corrente que, em tempos recentes, atacava com veemência. Nas eleições municipais de 2024, ele apoiou Fernandes à prefeitura de Fortaleza, contra Evandro Leitão (PT).

Dois caciques do PL no Ceará afirmaram à reportagem que, apesar do histórico crítico de Ciro à direita, a aposta para o pleito de 2026 é no pragmatismo. Sem nomes competitivos, avaliam essas fontes, seria necessário focar em alguém com chances reais de derrotar o PT no estado. Mas ainda pairam dúvidas sobre a real intenção do ex-governador em se lançar na corrida pelo Palácio da Abolição.

As derrotas nas últimas disputas pela Presidência, de acordo com interlocutores, ainda pesam na definição. Em 2022, quando amargou apenas 3% dos votos válidos, prometeu nunca mais voltar às urnas. No início deste ano, porém, disse a deputados cearenses que poderia entrar no páreo num cenário que definiu como de “situação extrema“.

Em conversa com CartaCapital na terça, durante um evento em Aracaju, o ex-ministro afirmou não estar na política por vontade própria, mas por ter “responsabilidade” com o Ceará e com o País. “Tenho muita vontade de ajudar a construir o movimento baseado nos projetos. Seria o que chamamos de centro, centro-esquerda, que é a cara do Brasil”.

Além disso, fez críticas ao seu antigo partido, o PDT, pela aproximação com o governo Lula (PT). No passado, Ciro integrou o arco de alianças da gestão petista, mas deu início ao distanciamento nas eleições de 2018, quando culpou o partido pela vitória de Bolsonaro. A relação degringolou de vez em 2022, com impactos também na relação com o senador Cid Gomes (PSB), seu irmão.