O Congresso empossado no início de fevereiro está mais distante do que nunca da agenda das mulheres. É o que revela uma pesquisa inédita do Centro Feminista de Estudos e Assessorias, conhecido pela sigla Cfemea, sobre o perfil dos parlamentares eleitos, e divulgado em primeira mão por CartaCapital. Mesmo diante da luta dos movimentos populares para tornar as Casas Legislativas mais plurais, o avanço é tímido, quase imperceptível. Dos 513 deputados eleitos, somente 91 são mulheres, duas delas trans. No Senado, as brasileiras ocupam 11 das 88 cadeiras. A representação feminina no Parlamento é menor que a verificada no patriarcal reino da Arábia Saudita, regido pela lei islâmica. Para as pesquisadoras responsáveis pelo estudo, a eleição de 2022 só “manteve a hegemonia masculina”.
A desigualdade não é meramente numérica. Mesmo com a eleição de mais mulheres nos últimos pleitos, a agenda feminista segue enfraquecida. “Há uma diferença entre ‘políticas de presença’ e ‘políticas de ideias’”, explica Denise Mantovani, coordenadora da pesquisa. “A luta pela presença é fundamental porque as pessoas precisam se ver representadas nos espaços de poder. Ter mais mulheres, inclusive negras e transexuais, faz as brasileiras se enxergarem no Parlamento. Mas a representatividade não é um fim em si. É preciso que essa presença esteja associada a uma agenda.”
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