Política

Cláudio Castro recebeu propina como vereador e vice-governador, diz delação revelada por site

Reportagem do UOL mostra atividades políticas de Castro que corroboram com informações do delator, seu ex-assessor Marcus Vinícius Azevedo da Silva

Foto: Rafael Campos/GOVRJ
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Claúdio Castro, governador do Rio de Janeiro e atual candidato à reeleição pelo PL, partido de Jair Bolsonaro, teria recebido propinas de empresários enquanto ainda era vereador. A denúncia foi feita pelo seu ex-assessor Marcus Vinícius Azevedo da Silva em uma delação revelada pelo UOL nesta sexta-feira 16. A prática criminosa, segundo a reportagem, seguiu enquanto Castro ocupava o cargo de vice-governador na chapa de Wilson Witzel e já havia sido citada em outra delação.

Segundo o relato do ex-assessor, que denunciou Castro no Ministério Público no âmbito da Operação Catarata, o político recebeu 50 mil reais do empresário Flávio Chadud, apresentado pelo ex-assessor a ele, para fazer campanha em 2015. O montante nunca foi registrado na Justiça Eleitoral.

Após ser eleito, Castro intercedeu pela empresa de Chadud e por uma ONG de Marcus Vinícius para que estas firmassem contratos com a Prefeitura do Rio, comandada por Marcelo Crivella (Republicanos). A intenção era que estes contratos ficassem em pastas ligadas a Castro e seus aliados. Parte dos valores destes contratos ficaria com o bolsonarista como propina e formação de capital político, segundo o delator.

O político ainda é acusado de instalar um esquema de propina quando foi ao governo do estado. Na ocasião, conseguiu que o contrato com a empresa de Chadud ficasse sob sua pasta, a vice-governadoria, para que o esquema seguisse. Com a ONG de Marcus Vinícius, a opção foi não manter um contrato direto. Em troca, diz o delator, ele receberia uma compensação em outra área. Algo que vinha sendo negociado um dia antes de ele ser preso na operação.

A reportagem do UOL mostra que as atividades políticas de Castro corroboram com as informações do delator. O ex-assessor diz, por exemplo, que enquanto era vereador, Castro teria que votar pelo aumento do IPTU em troca da propina recebida do empresário. Ele, de fato, votou, contrariando integrantes do próprio partido, o PSC, como Carlos Bolsonaro.

As mudanças de comando no contrato com a empresa de Chadud, para que esta ficasse sob a gestão de aliados de Castro, também estão confirmadas em publicações oficiais que constam na reportagem. De acordo com o delator, a imagem de Castro saindo com uma mochila da empresa de Chadud seria uma comprovação de que ele foi até o local buscar sua parte no dinheiro, 120 mil reais, segundo o ex-assessor. A imagem foi divulgada pela GloboNews.

“Aquela gravação que depois passou na mídia, em relação à mochila, que ele [Castro] foi na manhã da véspera da operação [Catarata], aquilo ali foi para ele receber o recurso que foi destinado, que foi pago, dias antes foi liberado pelo estado. Ele foi receber a parte dele lá no escritório, 120 mil reias, uma parte dos recursos que haviam sido liberados atrasados”, disse o delator, segundo o UOL.

Há ainda a suspeita de que o empresário tenha enviado recursos ao exterior para Castro. Segundo diz, 20 mil dólares foram repassados diretamente ao governador quando ele estava de férias na Disney, nos Estados Unidos. Um doleiro, a pedido de Chadud, entregou o dinheiro ao político. O fato teria ocorrido no início de 2018. Nas redes sociais, a esposa de Castro publicou imagens da viagem com o marido e outros familiares nesta ocasião.

Ao site, Castro e Chadud negam o esquema. Marcus Vinícius não se pronunciou, assim como Crivella, prefeito no período denunciado. Outros envolvidos foram procurados e também não prestaram esclarecimentos. A reportagem completa pode ser acessada neste link.

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