Política

Ciro lança candidatura, diz que ‘o lulismo pariu Bolsonaro’ e defende o fim da reeleição

O pedetista chegou à convenção partidária sem alianças formais com outras legendas; o cenário é semelhante ao de 2018

Foto: Divulgação/PDT
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O PDT homologou por unanimidade, nesta quarta-feira 20, em Brasília, a candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República. Trata-se da quarta tentativa do ex-ministro e ex-governador do Ceará de chegar ao Palácio do Planalto.

Em seu discurso na convenção partidária, ele fez críticas aos principais adversários, Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), os líderes das pesquisas de intenção de voto. Também se comprometeu a acabar com o orçamento secreto, com o Teto de Gastos e com a reeleição no País.

Ciro exaltou seu histórico como prefeito e governador e defendeu o combate “ao déficit financeiro e ao dramático déficit social”. Ele também se referiu a Bolsonaro como o presidente “mais insensível e incompetente” da história do Brasil.

Usar e emporcalhar são os melhores verbos para definir o seu método de permanência. Ele é um grande preguiçoso, não trabalha, não pensa, não executa nenhuma ação em favor do povo brasileiro.”

Ciro, porém, voltou a afirmar que Bolsonaro não seria apenas a causa, mas o efeito “de um modelo econômico e de uma escola corrupta de governar que encaminharam o País com pouquíssimos altos e muitíssimos baixos para uma tragédia anunciada”.

Trata-se de uma crítica ao modelo econômico que, segundo Ciro, não foi enfrentado pelos governos Lula e Dilma Rousseff. Ele classificou esse sistema como “pobrismo, que significa contentar os pobres com migalhas e transferir o centro da riqueza para os ricos brasileiros”.

E emendou: “No banquete dos ricos e resto para os pobres, Collor preparou a cozinha, FHC serviu a mesa e Lula temperou a comida. Dilma, Temer e Bolsonaro apenas requentaram os pratos. Todos serviçais dos mesmos patrões e seguidores da mesma receita”.

Em 14 anos, acrescentou o pedetista, “o que o lulismo conseguiu foi parir Bolsonaro”.

“Que obra monumental… Ou alguém acredita que Bolsonaro chegou de Marte navegando uma carruagem de fogo? Bolsonaro é produto da construção magoada e iludida do povo brasileiro, machucado pela mais grave crise econômica e pela mais grave revelação de escândalo de ladroeira levada ao centro do modelo de poder pelo lulopetismo.”

Ciro chegou à convenção partidária sem alianças formais com outras legendas ou a perspectiva de concretizar uma união. Também não apresentou o nome de seu candidato ou de sua candidata a vice-presidente. Com a dificuldade de atrair outras siglas, portanto, crescem as chances de uma chapa pura.

Nas eleições presidenciais de 2018, Ciro teve Katia Abreu, então no PDT, como sua vice. Naquela ocasião, os pedetistas conseguiram atrair para sua coligação apenas o pequeno Avante – partido que, neste ano, deve lançar André Janones.

Há quatro anos, Ciro recebeu 13.344.366 votos (12,47% do total) e ficou na terceira colocação, mesma posição ocupada nas pesquisas de intenção de voto para o pleito de 2022. Jair Bolsonaro, então no PSL, e Fernando Haddad, do PT, foram ao segundo turno.

Ciro não conseguiu, até aqui, se manter com dois dígitos nos levantamentos. Uma pesquisa Genial/Quaest publicada em 6 de julho apontou a liderança de Lula, do PT, com 45%, seguido por Bolsonaro, hoje no PL, com 31%. O pedetista marcou apenas 6%.

A convenção desta quarta também oficializa uma mudança de slogan. Saiu o “Rebeldia da Esperança”, usado por exemplo no lançamento da pré-candidatura, e entrou o “Prefiro Ciro”. O marqueteiro do pedetista é João Santana, conhecido por sua atuação em campanhas petistas.

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