Política
Ciro agradece a Lula e Dilma por apoio depois de ação da PF: ‘Democratas têm de se proteger’
Ao reagir às buscas, o presidenciável do PDT declarou ser vítima de uma arbitrariedade: ‘A intenção é me constranger e calar a minha boca’
O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, agradeceu nesta quarta-feira 15 aos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff por mensagens de apoio após as ações deflagradas pela Polícia Federal no âmbito da Operação Colosseum.
Ciro declarou, em entrevista à GloboNews, que Lula agiu como “um democrata”.
“Ele sabe quanta violência sofreu e nunca me omiti em fazer a defesa, apesar de toda a minha crítica ao modelo econômico e ao tipo de condução da política brasileira”, disse o pedetista. “Quando ele foi conduzido coercitivamente sem nunca ter sido citado, fui talvez o mais agressivo dos brasileiros na defesa dele.”
Ao agradecer a Dilma, Ciro relembrou sua luta contra o golpe de Estado de 2016. “Quando ela foi acusada de crime de responsabilidade, eu fui para a rua para defendê-la, mesmo achando o governo trágico sob o ponto de vista econômico e sob o ponto de vista das transações políticas. Mas ela é uma pessoa honrada e nunca cometeu crime nenhum.”
“Nós, democratas, temos de nos proteger. Se transformarmos em normal perseguir e querer matar civicamente o adversário, por que vamos acreditar em regra, em direito, em democracia?”
Pelas redes sociais, Lula escreveu: “Quero prestar minha solidariedade ao senador Cid Gomes e ao pré-candidato a presidente Ciro Gomes, que tiveram suas casas invadidas sem necessidade, sem serem intimados para depor e sem levar em conta a trajetória de vida idônea dos dois. Eles merecem ser respeitados”.
Dilma, por sua vez, publicou a seguinte mensagem: “Minha solidariedade ao senador Cid Gomes e ao pré-candidato Ciro Gomes. Suas casas foram invadidas, sem terem sido sequer intimados a depor. Como cidadãos brasileiros, merecem ser tratados com o respeito às leis vigentes ao país. Repudio o arbítrio e a perseguição a eles”.
Oficialmente, a PF argumenta que as buscas na casa de Ciro decorrem de uma investigação que começou em 2017 e que teria como foco “indícios de esquema criminoso” na construção da Arena Castelão, em Fortaleza (CE), para a Copa do Mundo de 2014.
Para Ciro, uma parcela da corporação se rendeu ao presidente Jair Bolsonaro, a fim de “proteger os ladrões da família”. Ele criticou diretamente o diretor-geral da PF, Paulo Maiurino, “um medíocre que nunca foi sequer superintendente e vai [ao cargo] pelas razões de ser compadre e amigo dos filhos do Bolsonaro”.
“Estou sendo vítima de uma grande arbitrariedade. A intenção é me constranger, calar a minha boca e abater a minha disposição de oferecer ao Brasil uma proposta que começa por dizer que o País não pode mais contemporizar com a corrupção. A intenção é me igualar com esse bando de picaretas que infernizaram a vida brasileira”, prosseguiu Ciro, que tornou a afirmar o lançamento de uma candidatura à Presidência no ano que vem “contra Lula, Bolsonaro e esse picareta do Sergio Moro”.
“Chamo os filhos do Bolsonaro de ladrões porque são ladrões. Chamo Bolsonaro de corrupto porque eu era deputado quando o vi roubando dinheiro da gasolina do gabinete dele. E digo que Bolsonaro está interferindo (na PF) porque vi a dinâmica de escolha do DG da PF”, completou.
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