Política
Cidadania recorre ao STF para barrar indicação de Eduardo à embaixada
Em ação, partido diz que ‘única e real motivação’ para a nomeação seria ‘relação de consanguinidade’ e acusa flagrante nepotismo
O partido Cidadania (antigo PPS) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que impeça a indicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, à embaixada brasileira nos Estados Unidos. A legenda acusa a possível nomeação de “flagrante nepotismo” e argumenta que o parlamentar não é qualificado para o posto.
O Cidadania afirma que existe “patente inexperiência e ausência de qualificação profissional para a assunção do cargo em questão”. A sigla reforça que os ocupantes anteriores do cargo tinham carreiras relacionadas à diplomacia por anos e que a nova medida simbolizaria um “retrocesso”.
“Feita a análise do caso em sua especificidade, vem à tona a única e real motivação que levaria a autoridade coatora a indicar o Sr. Eduardo Nantes Bolsonaro para a função de tamanha importância e complexidade: a relação de consanguinidade”, diz. “Trata-se de retrocesso civilizatório e institucional para o país, que retorna a práticas antigas e arduamente combatidas durante anos.”
O ministro Ricardo Lewandowski será o relator da ação. Ainda não se tem informação se o magistrado expedirá uma liminar sozinho ou se introduzirá o tema para votação no plenário da Corte. Na última semana, o governo dos Estados Unidos deu aval à indicação do filho do presidente da República à embaixada. A nomeação ainda precisa ser avaliada no Senado, por sabatina e votação.
Recentemente, perguntado pela imprensa, o presidente americano Donald Trump disse que não enxerga prática de nepotismo. Na mesma linha, o presidente Jair Bolsonaro afirmou à jornalista Leda Nagle, em entrevista no YouTube: “tem que ser filho de alguém, então por que não pode ser meu?”. Entre as qualidades do filho, Bolsonaro cita que Eduardo fala inglês, espanhol, fez intercâmbio nos EUA e é amigo da família de Trump.
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