Política

Cid Gomes alega hegemonia do PT e rompe com governador do Ceará após 18 anos de aliança

Insatisfação se acentuou após o partido sinalizar apoio ao petista Fernando Dantas para presidir a Assembleia Legislativa a partir do ano que vem, à revelia do senador

Cid Gomes alega hegemonia do PT e rompe com governador do Ceará após 18 anos de aliança
Cid Gomes alega hegemonia do PT e rompe com governador do Ceará após 18 anos de aliança
Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) realiza reunião com 11 itens. Entre eles, o PL 5.230/2023, que propõe nova reforma do ensino médio. Bancada: senador Cid Gomes (PSB-CE). Foto: Saulo Cruz/Agência Senado
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Depois de 18 anos de aliança, o senador Cid Gomes (PSB) comunicou a aliados seu rompimento político com o governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT). Os dois se encontraram na semana passada para discutir o tema. O estopim para a decisão, segundo relatos, seria o suposto acúmulo de poder nas mãos do PT no estado.

Oficialmente, o parlamentar não comentou o fim da parceria. A jornalistas nesta terça-feira, disse que seu posicionamento será divulgado em breve e ponderou ser importante “obedecer os ritos” da política. Cid ainda indicou que o assunto é debatido pelo diretório do PSB, comandado por Eudoro Santana, pai do ministro petista Camilo Santana (Educação).

A insatisfação com o PT se acentuou após caciques do partido articularem a escolha de Fernando Santana (PT), deputado estadual ligado ao Palácio da Abolição, para o comando da Assembleia Legislativa. O atual chefe da Casa, Evandro Leitão, foi eleito prefeito de Fortaleza nas eleições municipais e deixará a cadeira no início de 2025.

Cid, por sua vez, defendia o endosso à candidatura de algum parlamentar de outro partido da base governista. A legenda de Elmano tem apenas nove integrantes no Legislativo cearense, composto de 46 deputados. Mas possui uma larga base de apoio, que integra vários partidos de centro e esquerda, e a tendência é que não haja reação contra a candidatura apoiada pelo governador.

Outro ponto de incômodo envolve a articulação do partido para garantir uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado. Interlocutores também mencionam o interesse de Cid em disputar o governo cearense, em 2026, como um dos motivos para o divórcio com o petista. O senador já governou o estado entre 2007 e 2014.

A deputada estadual Lia Gomes (PDT), irmã do pessebista, admitiu a CartaCapital que a hegemonia do PT representou o estopim para o rompimento. “Para ter chegado a esse ponto é porque a situação estava insustentável. Cid vinha mostrando descontentamento com o excesso de decisões que eram feitas exclusivamente pelo e para o PT”, explicou.

Quem também foi comunicado sobre o fim da aliança foi Carlos Siqueira, presidente nacional do PSB. À reportagem, o dirigente partidário afirmou ter compreendido os motivos que levaram à decisão e afirmou que a sigla “está plenamente solidária” com o parlamentar. Siqueira ainda avaliou ser cedo para discutir o cenário no estado para as próximas eleições.

Por ora, aliados não descartam uma desfiliação de Cid do PSB – a cúpula do Podemos, comandado por Renata Abreu (SP), fez chegar ao senador a mensagem de que ele será bem-vindo no partido logo após as notícias do rompimento com os petistas pipocarem no noticiário.

Com o divórcio, Cid segue na mesma direção do irmão e também ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), que rompeu com o PT nas eleições de 2022. Desde então, os irmãos se afastaram politicamente.

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