Política
Cid apontou participação de Bolsonaro em redação de minuta golpista, diz jornal
O relato do ex-ajudante de ordens contra o ex-presidente está sendo checado pela Polícia Federal


Em delação à Polícia Federal, o tenente-coronel Mauro Cid apontou, segundo reportagem do jornal O Globo, a participação direta do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na redação da minuta de decreto golpista discutida com os comandantes das Forças Armadas.
De acordo com a publicação, Bolsonaro, após ser apresentado ao esboço do texto pelo assessor Filipe Martins, teria solicitado a alteração do trecho final do documento, que previa a prisão de autoridades de um modo geral. Segundo o relato de Cid obtido pelo jornal, o ex-presidente pediu para que Martins mudasse a minuta do decreto golpista para autorizar especificamente a prisão de Alexandre de Moraes, então presidente do Tribunal Superior Eleitoral.
Martins, conforme a delação, teria então mostrado o texto original para Cid e, dias depois, retornou para uma nova reunião com Bolsonaro para apresentar a versão final da medida. O decreto atualizado teria agradado o ex-capitão, que pediu o encontro com os comandantes das Forças Armadas para tratar do golpe, ocasião em que, segundo a delação, apenas o almirante Almir Garnier teria topado participar da ruptura democrática.
O episódio, assim como os demais trechos da delação, passam agora pela averiguação de investigadores da PF, que buscam checar os elementos que possam comprovar o relato de Cid. O celular do ex-ajudante de ordens, diz a publicação, é o principal ponto de partida. No aparelho teriam sido encontrados uma minuta de golpe, e-mails com o conteúdo semelhantes ao do decreto supostamente discutido pelo ex-capitão, bem como conversas com teor golpista tratadas no entorno do ex-presidente.
Procurada, a defesa de Bolsonaro optou por não comentar por não ter acesso ao material. Martins, por sua vez, não foi localizado pelo jornal para comentar.
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