Política

Chico Buarque comemora não ter o diploma do Prêmio Camões ‘sujado’ por Bolsonaro

O compositor venceu o troféu por unanimidade em 2018, mas enfrentava resistências de Bolsonaro na assinatura dos documentos que permitiam a entrega do prêmio

Chico Buarque recebe o Prêmio Camões das mãos do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, e do presidente brasileiro Lula. Foto: PATRICIA DE MELO MOREIRA / AFP
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Após quatro anos de atraso, o compositor e escritor Chico Buarque de Hollanda recebeu, nesta segunda-feira 24, o prêmio Camões durante cerimônia em Portugal. A honraria, a mais prestigiada da língua portuguesa, foi entregue pelo presidente brasileiro Lula (PT) e por seu homônimo português Marcelo Rebelo de Sousa.

Durante o discurso, Buarque comemorou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não tenha “sujado o diploma com sua assinatura” e dedicou o troféu literário a autores e artistas “humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo”.

O compositor também homenageou seu pai, o escritor Sérgio Buarque de Holanda, e celebrou ter recebido o prêmio às vésperas das comemorações pelos 49 anos da Revolução dos Cravos, levante popular que levou à queda do regime salazarista em Portugal, na segunda metade do século XX.

“Reconforta-me que o ex-presidente teve a rara fineza de não sujar o meu prêmio Camões. Recebo esse prêmio menos como honraria pessoal e mais como desagravo a tantos autores e artistas humilhados e ofendidos nesses últimos anos de estupidez e obscurantismo”, disse. “[Foram] quatro anos de um governo funesto [que] duraram uma eternidade”.

Criado em 1988, o prêmio Camões de Literatura é uma parceria dos governos brasileiro e português com o objetivo de homenagear autores de língua portuguesa com contribuições para o enriquecimento do patrimônio literário e cultural lusófono.

Chico Buarque venceu o troféu por unanimidade em 2018, mas ainda não havia sido laureado com a honraria em razão das dificuldades impostas por Bolsonaro à assinatura dos documentos que possibilitavam a entrega do prêmio. Além do diploma, o cantor ainda recebeu 100 mil euros (cerca de 540 mil reais) pela indicação.

Na solenidade, Lula também fez críticas ao ex-presidente e classificou a cerimônia como um “momento de reparação”. O petista ainda repudiou o que chamou de “ataques à cultura em todas as suas formas” e afirmou que o atraso na entrega do prêmio foi um dos “maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira”.

Na sua 34ª edição, o prêmio Camões já homenageou ao menos quatorze brasileiros, a exemplo de Lygia Fagundes Teles, Jorge Amado, Ferreira Gullar e João Cabral de Mello Neto.

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