Política
CCJ do Senado aprova PEC dos Precatórios, que vai a plenário; veja o que mudou
Na comissão, o placar foi de 16 a 10. No plenário, os governistas precisarão de pelo menos 49 dos 81 votos possíveis, em dois turnos
A Comissão de Constituição e Justiça do Senado aprovou nesta terça-feira 30 a PEC dos Precatórios. O texto segue para o plenário e, segundo o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve ser votado nesta quarta-feira 1º.
Na CCJ, foram 16 votos favoráveis e 10 contrários. No plenário, os governistas precisarão de pelo menos 49 dos 81 votos possíveis, em dois turnos.
Fernando Bezerra (MDB-PE), líder do governo e relator da PEC no Senado, promoveu uma série de modificações no texto para garantir a aprovação na CCJ. Uma delas foi a retirada dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental, o Fundef, do cálculo do teto de gastos.
Sacar do teto os precatórios do Fundef era uma bandeira do PSD, de Gilberto Kassab, que tem a 2ª maior bancada do Senado, com 12 membros. O pagamento dos precatórios do fundo deve ser parcelado em três anos: 40% em 2022, 30% em 2023 e 30% em 2024.
Se pagasse de uma só vez as dívidas com o Fundef, o governo desembolsaria no ano que vem cerca de 16 bilhões de reais.
Outra alteração inclui os precatórios alimentares como prioridade, colocando idosos, pessoas com deficiência e portadores de doença grave à frente da fila, após os chamados repasses para requisições de pequeno valor, que são dívidas de até 60 mil reais.
Pelas projeções do governo de Jair Bolsonaro, a PEC – se aprovada – abrirá um espaço de 106,1 bilhões de reais no Orçamento de 2022. A conta fecha da seguinte forma:
- 62,2 bilhões com uma mudança no teto de gastos;
- e 43,9 bilhões com o parcelamento dos precatórios
A PEC foi inicialmente desenhada para estabelecer um teto para o pagamento dos precatórios, dívidas judiciais que o governo é obrigado a pagar. A redação ganhou ao longo do tempo, porém, alterações significativas, como a que muda a fórmula de cálculo do famigerado teto de gastos – em vez de as despesas serem corrigidas pela inflação de julho a junho, serão atualizadas pela inflação de janeiro a dezembro.
Do total de recursos liberados, 51,1 bilhões devem ser utilizados para bancar o Auxílio Brasil de 400 reais, programa que joga uma pá de cal no Bolsa Família. Com popularidade em queda e crise econômica em ebulição, Bolsonaro vê no Auxílio Brasil a possibilidade de enterrar o mais bem-sucedido programa de transferência de renda da história do Brasil e de renascer nas pesquisas de intenção de voto.
No Senado, outra alteração relevante beneficia estados que não cumpriram as regras de refinanciamento de dívidas com a União. Pela emenda, eles poderão fazer o pagamento conforme o prazo contratual.
Além disso, desde a semana passada, há uma brecha na redação para que o Auxílio Brasil vire um programa social permanente sem que o governo federal aponte uma medida para financiar a elevação de gastos.
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