Política
Castro dobra a aposta e diz que operação com mais de 130 mortes foi ‘início de um grande processo’
Em coletiva, o governador do RJ afirmou ainda que ‘as únicas vítimas’ são quatro policiais
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), disse nesta quarta-feira 29 que a operação da véspera, que causou ao menos 132 mortes na cidade do Rio de Janeiro (segundo cálculos da Defensoria Pública estadual), foi um sucesso, e que marca o “início de um grande processo no Brasil”.
No momento do pronunciamento, por volta das 11h30, Castro disse que havia a confirmação oficial de 58 mortes (incluindo quatro agentes policiais), após perícias do Instituto Médico Legal (IML). Entretanto, ele foi taxativo ao afirmar que “esse número vai aumentar”, especialmente após dezenas de corpos terem sido recolhidos por moradores dos complexos do Alemão e da Penha, onde aconteceu a operação. Essa contabilidade depende dos registros periciais.
“Tirando a vida dos policiais, a operação foi um sucesso”, afirmou. “Quero agradecer às polícias, e me solidarizar com as famílias dos quatro ‘guerreiros’ que deram a vida para libertar a população. De ‘vítima’, só tivemos os policiais”.
Castro falou à imprensa momentos depois de se reunir, por videoconferência, com governadores de direita e extrema-direita de outros estados. Ele citou conversas com Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO), Jorginho Mello (PL-SC) e Eduardo Leite (PSD-RS), e afirmou ter recebido “solidariedade” e “parabenização”.
Castro afirmou que os colegas entendem que o Rio de Janeiro, hoje, funciona como uma espécie de ‘bunker’ para o crime organizado, e que há integrantes de facções de outros estados vivendo na capital fluminense e em cidades da região metropolitana e do interior.
“Temos a convicção de que temos condições de vencer batalhas, mas sozinhos não temos condições de vencer essa guerra. É uma guerra contra um estado paralelo que cada dia vem se demonstrando mais forte, com poder bélico maior, mais poderio financeiro. Sobretudo aqui no Rio de Janeiro, usando esse poder bélico e financeiro para fazer ocupação territorial”, disse.
Embora tenha dito, por diversas vezes, que não pretende “politizar” o assunto, o governador voltou a tecer críticas ao governo federal – mas recuou em parte das cobranças feitas na véspera. Depois de ter dito, por exemplo, que não recebeu apoio para a operação, afirmou que não estava “chorando” por ajuda e que só citou isso após ter sido perguntado. Castro disse, ainda, que aguarda representantes do planalto no Rio para reuniões presenciais.
“Esperamos que do governo federal o foco no Rio de Janeiro. Foco de integração, de trabalho e de financiamento, de nos ajudar nesse financiamento”, apontou, dizendo, ainda, que solicitou ao ministro da Casa Civil, Rui Costa, a liberação de dez vagas em presídios federais para líderes de facções.
Subindo o tom, o governador disse ainda que proibiu seu secretariado de dar qualquer declaração que não seja “pró-segurança pública”, sem explicitar os efeitos práticos dessa proibição.
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