Política
Casos violentos fazem Tarcísio recuar e defender câmeras corporais em policiais: ‘Estava errado’
O governador de São Paulo afirmou que ampliará o programa: ‘É um instrumento de proteção da sociedade e do policial’


A sucessão de casos de violência policial com grande repercussão midiática em São Paulo fez o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) mudar de opinião e passar a defender o uso de câmeras corporais nos uniformes dos agentes de segurança pública. “Eu estava errado”, reconheceu o bolsonarista, que por várias vezes se manifestou contra o uso dos equipamentos.
Em entrevista veiculada pela rádio CBN, ele falou em ampliar o programa que normatiza o uso das câmeras. Os registros em vídeo ajudam a identificar suspeitos e abusos policiais.
“Vamos não só manter o programa, mas ampliar o programa. Eu admito, estava errado. Eu me enganei. E não tenho nenhum problema de chegar aqui e dizer para vocês que eu estava errado e tinha visão equivocada sobre a importância das câmeras”, disse Tarcísio.
Os equipamentos começaram a ser utilizados nas fardas dos policiais em 2020, durante a gestão do então governador João Doria, que celebrou uma queda nos registros de letalidade policial após a implementação. Ainda assim, Tarcísio prometeu, quando candidato ao governo, encerrar a iniciativa.
“O que representa a câmera? É uma situação para deixar o policial em desvantagem em relação ao bandido”, disse, em entrevista à Jovem Pan durante a campanha de 2022. Ele disse, ainda, que “com certeza” determinaria a retirada dos aparelhos das fardas.
Episódios recentes, como o do homem arremessado de uma ponte por um policial militar e os tiros nas costas disparados por um PM de folga contra um suspeito de roubar produtos de limpeza, geraram uma crise que Tarcísio tenta contornar.
“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão [das câmeras]”, enfatizou. “Eu tinha uma visão equivocada, fruto da experiência pretérita que tive, que não teve nada a ver com a questão da segurança pública [ele é militar de formação]. Hoje eu estou absolutamente convencido de que é um instrumento de proteção da sociedade, do policial.”
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