Educação

Cármen Lúcia pede que PGR se manifeste sobre suposta interferência de Bolsonaro em investigação do MEC

Caso voltou ao STF após MPF e PF apontarem indícios de que presidente teria alertado ex-ministro Milton Ribeiro sobre operação

Cármen Lúcia pede que PGR se manifeste sobre suposta interferência de Bolsonaro em investigação do MEC
Cármen Lúcia pede que PGR se manifeste sobre suposta interferência de Bolsonaro em investigação do MEC
Em 2020, o Presidente da República, Jair Bolsonaro condecora o então Ministro da Educação, Milton Ribeiro - Foto: Alan Santos/PR
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A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), encaminhou nesta quarta-feira para manifestação da Procuradoria-Geral da República (PGR) o inquérito que apura suposta interferência do presidente Jair Bolsonaro (PL) na investigação de corrupção no Ministério da Educação.

O caso estava na Justiça Federal e voltou para o STF após a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) apontarem indícios de que o presidente Jair Bolsonaro pode ter atuado para atrapalhar as investigações. Segundo o MPF, há indícios de que o presidente alertou o ex-ministro Milton Ribeiro, que é investigado, de que ele poderia ser alvo de busca e apreensão.

Um inquérito aberto pela Polícia Federal apura a atuação de pastores lobista na pasta durante a gestão do ex-ministro Milton Ribeiro. O presidente, porém, não é alvo da investigação. Agora, caberá à PGR avaliar se há elementos para abrir uma apuração formal contra Bolsonaro.

Na semana passada, Cármen Lúcia já tinha determinado que a PGR se manifestasse sobre o pedido de investigação feito por outro deputado de oposição: Reginaldo Lopes (PT-MG). Nesse despacho, porém, ela não havia mencionado a “gravidade do quadro narrado”.

Também na última semana, em outra frente, o ministro Alexandre de Moraes encaminhou para manifestação da PGR o pedido feito pelo líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), para que Bolsonaro seja investigado por suposta interferência na operação da Polícia Federal contra o ex-ministro Milton Ribeiro. O pedido foi feito no âmbito do inquérito do STF aberto após a saída de Sérgio Moro do governo.

Nesta terça, a AGU, a pedido de Bolsonaro, recorreu ao Supremo e pediu a suspensão do pedido de manifestação da PGR determinado por Moraes. Um dos argumentos do presidente é o de que caberia a Cármen a relatoria de todos os pedidos envolvendo as apurações sobre o MEC.

Corrupção no MEC

Alvo da Operação Acesso Pago, Milton Ribeiro chegou a ser preso preventivamente e foi alvo de busca e apreensão, além de ter tido o sigilo bancário quebrado, por ordem do juiz federal Renato Borelli. Depois foi solto por decisão do desembargador Ney Bello, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1).

A PF já tinha interceptado ligações telefônicas do ex-ministro. Em uma delas, em 9 de junho, ele contou à filha que conversou por telefone com Bolsonaro. Segundo Milton Ribeiro, o presidente disse na época achar que fariam uma busca e apreensão contra o ex-ministro.

O diálogo levou o MPF a apontar que houve indícios de vazamento e “possível interferência ilícita por parte do presidente da República Jair Bolsonaro nas investigações”. A partir disso, solicitou o envio do caso ao STF, tribunal que pode processar o presidente da República, o que foi autorizado pelo juiz federal Renato Borelli.

No telefonema com a filha, Milton Ribeiro afirmou:

— A única coisa meio… hoje o presidente me ligou… ele tá com um pressentimento, novamente, que eles podem querer atingi-lo através de mim, sabe? É que eu tenho mandado versículos pra ele, né?

Depois disse:

— Não! Não é isso… ele acha que vão fazer uma busca e apreensão… em casa… sabe… é… é muito triste. Bom! Isso pode acontecer, né? Se houver indícios né…

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