Política

Captura de Zambelli na Itália pode ‘se arrastar por meses’, diz embaixador

A deputada bolsonarista foi condenada a 10 anos de prisão, mas fugiu para o país europeu para evitar o cumprimento da sentença

Captura de Zambelli na Itália pode ‘se arrastar por meses’, diz embaixador
Captura de Zambelli na Itália pode ‘se arrastar por meses’, diz embaixador
A deputada federal Carla Zambelli. Foto: Lula Marques/Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

A captura da deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) na Itália pode demorar meses e o processo de extradição se arrastar por até um ano. As afirmações são do embaixador brasileiro no país europeu, Renato Mosca, ao site UOL. A entrevista foi publicada nesta sexta-feira 27.

Segundo o embaixador, a situação de Zambelli, apesar de midiática, não se difere da de qualquer outro foragido e, por isso, é de se esperar que o processo de busca, captura e extradição se alongue por meses. Mosca, porém, sinalizou estar confiante de que a deputada será encontrada.

“As pessoas tendem a focar nessa captura por ser uma pessoa pública, mas está dentro dos padrões. Isso pode levar 30, 60, 90 dias. Não é um caso que vai se resolver em uma ou duas semanas. Está absolutamente dentro dos padrões”, disse o embaixador ao site. “Isso pode se arrastar por meses, e é normal que seja assim, porque tudo obedece a um rito da legislação e um amplo direito de defesa”, insistiu na projeção.

Para ele, ainda que seja presa na Itália, é possível que a extradição ao Brasil demore a ser concretizada. Ele defendeu uma ‘redução de expectativas’ no caso.

“É importante baixar a expectativa porque mesmo a extradição, que é um processo jurídico ou judicial e político, é demorado, pode levar até um ano. Temos casos em que a Justiça italiana dá o parecer com a possibilidade de recurso. Isso tudo demora um tempo, depois ainda vai para uma decisão do governo italiano”, afirmou Mosca.

Ele minimizou, ainda, a possibilidade de que o processo contra Zambelli possa ser politizado pelo governo de extrema-direita italiano. O país, atualmente, é comandado por Giorgia Meloni, um dos expoentes da ultradireita global. Para o embaixador, o crime cometido pela deputada brasileira é um crime comum e, por isso, a tendência é de que seja avaliado apenas juridicamente.

Condenada a 10 anos de prisão

Zambelli está na Itália desde o início de junho, pouco antes do Supremo Tribunal Federal negar recursos e confirmar a condenação a 10 anos de prisão por invasão hacker ao sistema do Conselho Nacional de Justiça. A parlamentar foi considerada a mandante do esquema executado por Walter Delgatti, que recebeu pena de 8 anos.

Antes que a Justiça brasileira pudesse dar andamento ao caso, Zambelli deixou o país e foi aos Estados Unidos. À Câmara, pediu licença e justificou ter ido realizar um tratamento médico. Um processo que pode cassar seu mandato está em andamento na Casa.

Diante da fuga constatada, Zambelli foi adicionada à lista de procurados pela Interpol, mas conseguiu entrar na Itália antes que seu nome fosse adicionado ao sistema de foragidos internacionais. Desde então, seu paradeiro exato é incerto.

“Ela se encontra foragida. Depois de quase três semanas, não se tem ainda nenhuma informação concreta da localização dela. Nós temos acompanhado a investigação junto às polícias italianas para possibilitar o cumprimento desse mandado de prisão”, relatou o embaixador brasileiro na Itália ao UOL.

Acompanhada do marido, o o secretário municipal de Caucaia, no Ceará, coronel Aginaldo Oliveira, ela teria alugado uma casa em Roma, depois, teria se estabelecido em Napóles. A parlamentar, convém ressaltar, tem cidadania italiana e só pode ser presa em locais públicos.

“Enquanto ela estiver em locais que representem o seu domicílio, ela não pode ser presa. Mas, identificar esse local já seria muito importante, e já abriria um caminho para solucionar esse impasse”, avaliou Mosca.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo