Cannabis é doping?

Cientista brasileiro defende direito de atletas a tratamentos com maconha medicinal

Imagem: Loic Venance/AFP

Apoie Siga-nos no

A ginasta Simone Biles espantou o mundo em 2021, quando desistiu de disputar a final individual das Olimpíadas de Tóquio para preservar sua saúde mental. Aos 24 anos, já era a atleta mais condecorada da categoria, tendo representado os EUA em várias competições mundiais. Ainda assim, não conseguiu controlar uma crise de ansiedade e optou por voltar para casa mais cedo. A história poderia ter sido outra se o uso medicinal da maconha não fosse considerado ­doping, acredita o cientista brasileiro Aderbal Aguiar, pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina, que defende o uso de endocanabinoides para auxiliar a prática esportiva profissional e amadora. “Esses atletas não são saudáveis, eles têm problemas com sono, são submetidos a muita pressão”, observa Aguiar, doutor em Farmacologia pela UFSC e pós-doutor em neurociências pela Universidade de Coimbra. “A Cannabis pode dar respostas satisfatórias a essas doenças.”

A Agência Mundial Antidoping, conhecida pela sigla em inglês Wada, mantém todos os derivados da maconha no rol de substâncias proibidas e o Comitê Olímpico Internacional sustenta que o uso da Cannabis medicinal “fere o espírito de esporte”. Ainda assim, cada vez mais atletas têm recorrido aos canabinoides para tratamentos físicos e mentais. “O último artigo da Wada sobre o tema foi publicado em 2011. De lá para cá, foram realizados centenas de estudos e nenhum deles comprovou que a ­Cannabis aumenta o desempenho do atleta”, refuta o professor do Departamento de Ciências da Saúde da UFSC. “Isso significa que não é doping.”

Leia essa matéria gratuitamente

Tenha acesso a conteúdos exclusivos, faça parte da newsletter gratuita de CartaCapital, salve suas matérias e artigos favoritos para ler quando quiser e leia esta matéria na integra. Cadastre-se!

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

1 comentário

CESAR AUGUSTO HULSENDEGER 24 de novembro de 2023 15h04
Enquanto isso, o SUS faz transplantes de pulmão em razão de câncer causado por cigarro e de fígado atacado por câncer proveniente de cirrose causada pelo excesso de bebida alcoólica. Como não pensar que as restrições aos canabinoides se baseiam apenas em religião e moralidade?

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.