Política

Candidatura não prevê Lula fora da disputa, diz Manuela D’Ávila

Candidata à presidência pelo PCdoB, a deputada explica os objetivos eleitorais do partido e nega distanciamento com o PT

Manuela D'ávila fala em retomada de crescimento para o País e resgate de direitos sociais
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O anúncio da candidatura da deputada estadual gaúcha Manuela D’Ávila à presidência pelo PcdoB coloca fim a um longo período de apoio do partido a candidatos do PT no primeiro turno. Desde as eleições de 1989, é a primeira vez que a sigla lança um nome para disputar o Palácio do Planalto

Em entrevista à CartaCapital, a presidenciável coloca que a decisão é fruto do momento político atual de “ruptura democrática”. Segundo ela, a decisão do PCdoB não significa um entendimento de que Lula está fora da disputa política. “A candidatura dele faz parte do tabuleiro eleitoral”, diz a deputada. Manuela também afirma que o plano de governo do PcdoB terá ao centro o crescimento e o desenvolvimento do País e a retomada dos direitos sociais

Carta Capital: Por que a decisão do PCdoB de disputar uma candidatura depois de tanto tempo?
Manuela D’Ávila: É uma decisão fruto do momento que a gente vive. O PcdoB nas últimas sete eleições apoiou o projeto que o Lula começou a construir e que foi continuado pela Dilma. A gente teve muitas transformações nesse período e uma experiência bastante exitosa, mas o golpe e a ruptura democrática no governo Dilma encerra um ciclo e, a partir disso, acho natural que um partido político que queira debater o seu programa apresente uma candidatura.

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CC: A decisão passa por um entendimento de que o Lula não seria um dos presidenciáveis nas eleições?

MD: Não, ao contrário. A gente acha que a candidatura do Lula é algo que faz parte do tabuleiro eleitoral, inclusive porque a eleição sem ele reforça a crise institucional. A eleição deve ser o momento de debate da saída da crise para o Brasil, portanto a candidatura do Lula, na nossa avaliação, fará parte.

CC: O senador Lindbergh Farias (PT-RJ) fez críticas à candidatura, alegando ser um erro sobretudo no momento em que Lula é alvo de ataques. Qual a sua leitura?
MD: Foi um posicionamento isolado, ele inclusive é meu amigo. A maior parte do PT recebeu a candidatura de forma bastante fraterna, como é a relação que temos historicamente com o partido. Nós defendemos a construção de uma frente ampla e popular. Nesse debate sobre o projeto do Brasil, do qual vários setores da sociedade participam, os vinculados ao desenvolvimento, movimentos sociais, cidadãos, intelectuais, os partidos de esquerda também fazem parte. E, nesse momento político, temos pré-candidatos diferentes.

CC: Como vê o PcdoB frente à disputa presidencial? Quais seriam as principais diretrizes do plano de governo?
MD: A candidatura decorre justamente da necessidade do debate sobre saídas da crise. O centro da nossa candidatura é justamente uma ideia de como unir a nação em torno da retomada do crescimento, de como fazer com que esse debate seja forte o suficiente para que a gente tenha corpo e mobilização social em torno da resistência do desmonte do Estado que, junto com o desmonte dos investimentos, da indústria nacional, tem relação forte com a destruição dos direitos sociais e individuais. Então como que nós conseguimos, nesse processo eleitoral, construir uma frente ampla e popular que tenha o crescimento e o desenvolvimento do Brasil no centro, vinculado a resistência da destruição do Estado e da perda dos direitos sociais que o povo brasileiro tem vivido no último período.

 

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