Política

Canais bolsonaristas deletam mais de 1,5 mil vídeos do YouTube após operação da PF contra Bolsonaro

Publicações que foram retiradas do ar defendiam a intervenção militar, além de promoverem ataques aos ministros do Supremo Tribunal Federal

Canais bolsonaristas deletam mais de 1,5 mil vídeos do YouTube após operação da PF contra Bolsonaro
Canais bolsonaristas deletam mais de 1,5 mil vídeos do YouTube após operação da PF contra Bolsonaro
Foto: iStock/5./15 WEST
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Nas 48 horas após a operação da Polícia Federal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados, canais dos Youtube que integram o ecossistema bolsonarista retiraram do ar mais de 1,5 mil vídeos. 

Os dados foram analisados pela consultoria Novelo Data, instituto que monitora os movimentos da extrema-direita nas redes sociais, e divulgados pelo jornal O Globo nesta quarta-feira 14. 

A “limpeza” nos perfis já tinha sido detectada em dias anteriores a operação, mas em números expressivamente menores. Naquele momento, eram cerca de 200 vídeos retirados da plataforma por dia das contas bolsonaristas. 

A remoção do conteúdo, aponta a consultoria, partiu dos proprietários dos perfis e não foi motivada por determinação judicial ou por arbitrariedade da plataforma. 

O movimento evidencia uma estratégia recorrente dos influenciadores bolsonaristas em momentos que sucedem operações contra investigados por atos antidemocráticos. A ação também é adotada quando o ex-presidente e seus aliados sofrem derrotas em processos judiciais. 

Ano passado, por exemplo, após a declaração da inelegibilidade de Jair Bolsonaro, o canal pertencente ao deputado federal Gustavo Gayer (PL) retirou do ar ao menos 200 vídeos. Entre as publicações excluídas estavam vídeos com menções ao Tribunal Superior Eleitoral e ao Supremo. 

A maioria dos conteúdos deletados de perfis bolsonaristas nos últimos dias, aponta o jornal, tratava de temas relacionados à política brasileira. Nas gravações, os perfis citavam o nome de autoridades, como ministros do STF e também o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). 

Apesar da Novelo Data não ter conseguido recuperar a íntegra dos vídeos, os títulos e descrições sugerem que os conteúdos deletados estavam alinhados com o discurso bolsonarista que motivou a operação Tempus Veritatis, que mira o núcleo golpista instalado no governo do ex-capitão. 

De acordo com o jornal, cerca de 524 vídeos excluídos do canal do jornalista Toby Cotrim, por exemplo, traziam no título o nome do ministro Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos que investigam a tentativa de Golpe de Estado. 

Os títulos dos vídeos apagados sugeriam que o conteúdo tratado teria “traços” de antidemocráticos. Um dos vídeos excluídos, cita o jornal, chamava “Exija o impeachment de Alexandre de Moraes“. Outros vídeos sugeriam que Lula não assumiria a Presidência da República ou que as Forças Armadas tomariam o controle do País. 

Em nota enviada ao Globo, o jornalista afirmou que os vídeos foram retirados do Youtube para atender as políticas da plataforma.

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