Política

Câmara inicia tramitação de recurso do PL para livrar Ramagem da ação do golpe

O presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), encaminhou o documento à Comissão de Constituição e Justiça

Câmara inicia tramitação de recurso do PL para livrar Ramagem da ação do golpe
Câmara inicia tramitação de recurso do PL para livrar Ramagem da ação do golpe
Bolsonaro e Ramagem se cumprimentam na solenidade em que o então presidente formalizou a entrega da Abin ao aliado - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Apoie Siga-nos no

O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), enviou nesta quinta-feira 3 à Comissão de Constituição e Justiça um recurso do PL para suspender a ação penal contra o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), réu no Supremo Tribunal Federal por envolvimento na tentativa de golpe de Estado em 2022.

O líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse ter “gratidão” a Motta e projetou que a CCJ e o plenário resolverão um suposto “equívoco constitucional” do STF. A Câmara deve analisar o recurso em até 45 dias.

O grande desejo da tropa de choque da extrema-direita é que um eventual sucesso nessa solicitação leve à interrupção das ações contra os outros seis réus, principalmente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A demanda do PL se baseia na Emenda Constitucional nº 35, de 20 de dezembro de 2001. Ela estabelece as condições para partidos pleitearem a interrupção de uma ação penal, mas apenas contra congressistas. Não se aplicaria, em tese, a Bolsonaro.

Sustar uma ação no STF dependeria dos votos de pelo menos 257 dos 513 deputados. Diz a norma:

“Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação”.

A regra cita expressamente, portanto, crimes ocorridos após a diplomação. A denúncia da Procuradoria-Geral da República, porém, sustenta que Ramagem trabalhou para minar a credibilidade do sistema eletrônico de votação e fez parte de uma organização criminosa para auxiliar Bolsonaro na divulgação de notícias falsas.

Ramagem chefiou a Agência Brasileira de Inteligência entre 2019 e 2022, sob o governo do ex-capitão. Segundo a PGR, ele teve um papel importante “na construção e no direcionamento das mensagens que passaram a ser difundidas em larga escala pelo então presidente da República a partir do dia 29.7.2021” — antes, portanto, de ser eleito e tomar posse para o cargo de deputado federal.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo