Política

Câmara aprova urgência para projeto que proíbe delações premiadas de presos

A proposta segue direto à análise do plenário, sem necessidade do aval das comissões temáticas

Câmara aprova urgência para projeto que proíbe delações premiadas de presos
Câmara aprova urgência para projeto que proíbe delações premiadas de presos
O plenário da Câmara dos Deputados - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
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A Câmara dos Deputados aprovou, em votação simbólica nesta quarta-feira 12, o requerimento de urgência que acelera a tramitação do projeto sobre acordos de delação premiada com réus presos. Com isso, a proposta segue direto à análise do plenário, sem necessidade do aval das comissões temáticas.

O texto “impõe como condição para a homologação judicial da colaboração premiada a circunstância de o acusado ou indiciado estar respondendo em liberdade ao processo ou investigação instaurados em seu desfavor”. Também propõe que as pessoas afetadas por uma delação possam impugnar o acordo de colaboração e a decisão homologada.

O requerimento para acelerar a tramitação foi apresentado pelo deputado Luciano Amaral (PV-AL) e apoiado por Altineu Côrtes (PL-RJ), Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ), Elmar Nascimento (União-BA), Isnaldo Bulhões Jr. (MDB-AL) e Romero Rodrigues (Podemos-PB).

A Câmara resgatou o projeto apresentado em 2016 – no auge da Lava Jato – pelo ex-deputado Wadih Damous (PT-RJ), atualmente Secretário Nacional do Consumidor no Ministério da Justiça.

A retomada ganhou força entre parlamentares da oposição depois que o ex-presidente Jair Bolsonaro passou a ser investigado com base na delação firmada pelo tenente-coronel Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens.

Entre caciques do Centrão, a defesa do texto está relacionada à prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) após o ex-PM Ronnie Lessa acusá-lo, em colaboração premiada, de ter encomendado a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL).

No início desta quarta, o Ministério Público Federal manifestou preocupação com o avanço da proposta e disse que as mudanças não reforçam o sistema de garantias do investigado. A avaliação é que, “sob o argumento de proteger o acusado, [o projeto] irá prejudicá-lo quando este estiver decidido a colaborar, de maneira voluntária e devidamente informada”.

Na semana passada, Damous disse a CartaCapital que reativar a discussão em torno da matéria é um expediente “lamentável e oportunista”. “Acho que isso é mais para criar tumulto na sociedade”, argumentou o ex-deputado.

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