Política

Câmara aprova emenda que altera cálculo de pensão por morte

Emenda dividiu até a bancada evangélica; nova norma não prevê garantia de um salário mínimo para viúvas com fonte de renda formal

Foto: Lula Marques
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Na sessão em que votam alterações no texto-base da reforma da Previdência, admitido na quarta-feira 10, os deputados aprovaram uma emenda aglutinativa que, em um trecho, é criticada pela oposição por desvalorizar as pensões por morte para mulheres viúvas. A emenda possibilita que as pensionistas recebam menos do que um salário mínimo. Oposicionistas contrários à emenda defenderam a garantia de pelo menos um salário mínimo para as pensões.

Foram 344 votos favoráveis, contra 132. Segundo o texto em questão, de autoria do DEM, caso a mulher tenha outra fonte de renda formal, ela poderia receber apenas 60% da pensão. Para parlamentares contrários, esta norma poderia reduzir para quase metade de um salário as pensões cedidas a mulheres beneficiárias do Bolsa Família ou que trabalham em condições precarizadas.

A aprovação da emenda do DEM sofreu críticas por parlamentares do PCdoB, que também tinham uma emenda sobre o mesmo tema. O destaque do PCdoB tentava garantir um salário mínimo nas pensões por morte recebidas por mulheres viúvas, independente de ela possuir outra fonte de renda.

A mudança na regra das pensões dividiu até a bancada evangélica. Enquanto o presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado Silas Câmara (PRB-AM), defendeu a medida, o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), também membro do grupo, condenou a proposta e se embasou em trecho da Bíblia. “Não negue justiça ao órfão, nem tome a herança que a viúva tem. Eu sou o Senhor”, citou o parlamentar. “Não vai dar para explicar o inexplicável para as viúvas. O que vai se noticiar é que a esquerda esteve ao lado da viúva e o evangélico não.”

O deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) elogiou a posição de Otoni de Paula e seguiu na mesma linha. “É inadmissível uma viúva ganhar menos que um salário mínimo”, disse Freixo. Outros parlamentares, como Sâmia Bomfim (PSOL-SP), Clarissa Garotinho (PROS-RJ) e Erika Kokay (PT-DF) foram contra a emenda.

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