Caixa de Pandora

Em meio à avalanche de benefícios concedidos por Bolsonaro em ano eleitoral, as denúncias de assédio moral disparam no banco estatal responsável pelos pagamentos

Impacto. O déficit de empregados está por trás das quilométricas filas impostas a quem recorre ao crédito consignado - Imagem: Luis Alvarenga/Getty Images/AFP

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“A sensação é a de viver em cativeiro. Trabalhamos, recebemos alimentação, somos liberados a ir para casa, mas temos de voltar a cumprir a pena na manhã seguinte. Este é o relato de diversos colegas”, diz Rafael de Castro, funcionário da Caixa Econômica Federal e dirigente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, vinculada à CUT. Na fracassada tentativa de assegurar a reeleição, Jair Bolsonaro ofereceu benefícios sociais e isenções tributárias que custarão aos cofres públicos ao menos 273 bilhões de reais em 2022 e 2023, um uso da máquina pública sem precedentes desde o fim da ditadura. A concessão dessas benesses eleitorais impôs um regime particularmente cruel aos funcionários do banco com o maior número de correntistas do País. Combinado a uma gestão que focou na redução de gastos com pessoal, na busca por alcançar metas a qualquer custo e em calar qualquer descontente pela intimidação, as agências da Caixa foram jogadas no caos.

É um cenário tão ameaçador que funcionários que não ocupam cargos em organizações sindicais só concordam em relatar os abusos sob anonimato. Um desses trabalhadores topou conceder entrevista a CartaCapital sobre os episódios de assédio moral que sofreu e testemunhou dias antes da votação do segundo turno. “A pressão, da eleição para cá, está absurda. Estão nos deixando malucos”, conta. Durante a pandemia, a Caixa ganhou dezenas de milhões de novos correntistas atraídos pelo auxílio emergencial, sem que houvesse reposição de funcionários para dar conta da nova demanda. Ao longo deste ano, o cenário agravou-se com as novas rodadas de pagamentos do Auxílio Brasil e outros benefícios concedidos nos meses que antecederam o pleito.

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