Política
Briga entre Lira e Renan em Alagoas ganha força em momento decisivo para Lula no Congresso
O movimento ocorre em meio à análise de medidas consideradas essenciais pelo governo, do qual Renan é aliado


A relação permanentemente conflituosa entre o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) ganhou novos episódios nos últimos dias, com graves acusações.
O movimento ocorre em um momento decisivo no Congresso Nacional e pode impactar até a análise de medidas consideradas essenciais pelo governo Lula (PT), aliado de Renan.
Lira publicou nesta quarta-feira 31 nas redes sociais uma mensagem crítica ao governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), também ligado a Renan. “Um absurdo o que acontece na saúde pública de Alagoas. Minha solidariedade e apoio aos hospitais. Já solicitei à ministra da Saúde uma auditoria e providências para combater esse caos em AL”, escreveu o deputado.
A postagem acompanha uma “nota de esclarecimento” do Sindicato dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Alagoas sobre a falta de pagamento de incentivos por parte da Secretaria de Estado de Saúde a hospitais privados e filantrópicos.
Na última segunda 29, Renan Calheiros havia publicado uma dura mensagem contra Lira nas redes: “Triste exemplo: Lira é caloteiro, costuma não pagar o que deve. Pior, desvia dinheiro público e bate em mulher – deu uma surra de 2h em Jullyene, a ex-esposa e mãe de seus filhos. Confesso que aprovei a Lei Maria da Penha pensando em punir meliantes como ele”.
Em 2015, o Supremo Tribunal Federal absolveu Lira por uma suposta lesão corporal cometida contra sua ex-esposa em 2006. Além da ausência de provas, os ministros entenderam que o crime prescreveu.
Na terça 30, circulou em Brasília a suposta informação de que Lira teria exigido do governo Lula a demissão do ministro dos Transportes, Renan Filho, filho de Calheiros.
O deputado, porém, classificou a história de “falsa e descabida”. “Tenho agido sempre com respeito aos Poderes”, alegou.
A nova etapa das polêmicas entre Lira e Renan chega ao seu ponto alto no momento em que o governo tenta aprovar a medida provisória de reestruturação dos ministérios. A MP tem de ser votada pela Câmara e pelo Senado até esta quinta-feira 1º – do contrário, perderá validade e, na prática, levará à extinção de 17 pastas do governo.
O presidente Lula reuniu de forma emergencial nesta quarta seus mais próximos articuladores políticos. Estiveram com o petista o ministro da Casa Civil, Rui Costa; o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha; e o líder do governo na Casa, José Guimarães (PT-CE).
A articulação de última hora, no entanto, foi além da base e Lula telefonou nesta manhã para Lira. É possível, ainda, que eles conversem presencialmente nas próximas horas.
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