Brasileiros se dividem sobre suspensão de aplicativos de mensagem, como o Telegram, segundo Datafolha

Na pesquisa, 51% dos entrevistados se disseram favoráveis a bloqueios em casos de desobediência judicial, enquanto 43% discordaram

Falsa proteção. O sistema de criptografia do Telegram não é tão seguro quanto se pensa - Imagem: iStockphoto

Apoie Siga-nos no

A suspensão de aplicativos de mensagem em caso de desobediência judicial não é unanimidade entre brasileiros. Segundo pesquisa Datafolha, realizada entre os dias 22 e 23, ou seja, após o caso do bloqueio do Telegram, 51% dos brasileiros são favoráveis à suspensão do funcionamento dos aplicativos, enquanto 43% se disseram contra. Entre os 6% restantes, 3% não souberam responder e 2% se disseram indiferentes.

O bloqueio do Telegram, determinado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, durou dois dias, até o último dia 20. A medida foi tomada porque o ministro acusou omissão do aplicativo no combate à disseminação de notícias falsas e a práticas fraudulentas. A ordem havia sido pedida pela Polícia Federal, já que o Telegram vinha, recorrentemente, desobedecendo decisões judiciais, como pedidos para compartilhamento de dados. A suspensão foi revogada após Moraes atestar que o aplicativo conseguiu cumprir decisões pendentes.

No passado, o aplicativo Whatsapp também já sofreu quatro bloqueios por pedidos judiciais. O último caso foi em 2016, e as suspensões ocorriam justamente por falta de cumprimento de decisões anteriores. Dos brasileiros ouvidos pelo Datafolha, 84% responderam ter alguma conta em rede social, e 82% estão no Whatsapp, enquanto apenas 20% no Telegram.

O índice de entrevistados contra os bloqueios sobe entre os eleitores de Jair Bolsonaro, que utiliza o Telegram como uma de suas principais redes de comunicação e inclusive considerou a decisão de Alexandre de Moraes como “inadmissível”. Portanto, 56% dos eleitores do presidente responderam ser contrários às suspensões nos casos de desobediência judicial. Entre os apoiadores de Lula, o resultado foi de 38% contra as suspensões.

Outro fator que influencia na opinião é a escolaridade. De acordo com a pesquisa, no universo de pessoas com Ensino Superior, 56% são a favor dos bloqueios, e 40% discordam. Há também relação com renda: 58% das pessoas que ganham mais de 10 salários mínimos disseram que é necessária a suspensão, ante 31% que se declararam contra.

Segundo dados do Telegram, são 50 milhões de usuários somente no Brasil. Na pesquisa Datafolha, foi apontado que a maioria é apoiadora de Bolsonaro: 27%, contra 16% que apoiam Lula.


Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.