Política

Brasil protege Macri nos Panama Papers, diz deputado argentino

Membro da oposição ao presidente Macri, Dario Martinez reclama do Brasil e vê afinidade entre governos

Apoie Siga-nos no

O deputado argentino Dario Martinez é um dos mais empenhados na investigação do presidente Mauricio Macri em decorrência do escândalo dos Panama Papers. Do ponto de vista formal, foi uma denúncia dele que levou à abertura de um processo judicial contra Macri, um adversário político. 

Martinez reclama da falta de colaboração do Brasil na investigação. Para o promotor do caso, teria sido aqui que Macri teria lavado quase 10 milhões de dólares procedentes das Bahamas, onde o presidente e sua família abriram uma empresa offshore em 1998, a Fleg Trading, conforme os Panama Papers. 

O parlamentar não tem dúvidas sobre o desinteresse brasileiro. Trata-se, diz, de proteção mútua entre dois governos com identidade política. 

A seguir, uma breve entrevista de Martinez a CartaCapital. 

CartaCapital: Existe uma conexão Brasil que envolva o presidente Macri no caso Panama Papers?

Darío Martinez: Sim, estou convencido que sim, em função de que a operação de lavagem desse dinheiro se realizou no Brasil. Basicamente, com uma de duas sociedades nas quais tem participação o presidente da nação argentina, a Fleg Trading [offshore nas Bahamas]. Com a Fleg Trading, o que fez Macri foi criar uma empresa que não tem contabilidade pública, não apresenta balanços, não realiza assembleia de acionistas.

Com esta sociedade, ele saiu a investir em países mais sérios contabilmente, como o Brasil, onde há registros dessa operação. De onde Macri tirou 9 milhões de dólares? A Fleg Trading, segundo o próprio presidente, nunca funcionou, nunca operou, não teve contas e, apesar disso, fez investimentos milionários no Brasil.

CC: E apesar disso o Brasil não tem tem colaborado até agora com a investigação…

DM: A verdade é que a Justiça argentina está esperando desde 9 de maio que o governo do Brasil responda. Não é um caso isolado do Brasil, lamentavelmente não há muita cooperação de outros governos também. Bahamas, Panamá e Itália também receberam pedidos e a realidade é que não estão cooperando. Que o governo da Argentina tente ocultar [informações] é lamentável mas tem sentido, porque se está protegendo a si mesmo. Agora, por que está fazendo isso o governo do Brasil, eu não sei, me parece um erro.

CC: Talvez porque exista afinidade política entre os dois governos?

DM: Eu creio que lamentavelmente eles se protegem. Neste caso pontual, é claro que o presidente Macri em sua época de empresário foi um evasor e lavou dinheiro no Brasil e está claro que o governo do Brasil trata de tapar isso, se não responderia. 

CC: Mesmo sem a colaboração do Brasil, existe prova que envolva diretamente Macri com o Brasil neste tema?

DM: Sim, está nas atas das próprias empresas constituídas em Bahamas e segundo registros da Jucesp [Junta Comercial de São Paulo].

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.