O deputado norte-americano Jamie Raskin, integrante da comissão parlamentar de inquérito que apura a invasão do Capitólio em 2021, disse nesta sexta-feira 29 estar “muito preocupado com o que está acontecendo no Brasil”.
O processo em curso no Brasil pode, segundo o parlamentar, “se tornar muito similar ao que nós vivemos no 6 de janeiro [nos EUA]”.
“Bolsonaro é um grande admirador de Donald Trump e dos amigos dele. Nós sabemos que ele tem se envolvido com Steve Bannon, que, claro, é um assessor político chave para Trump, e já o era antes do 6 de janeiro, aqui. A extrema-direita ao redor do mundo vem mostrando um massivo desrespeito pela democracia constitucional e pelas instituições.”
As afirmações de Raskin, reproduzidas pelo jornal O Globo, ocorreram em audiência com uma comitiva de organizações da sociedade civil brasileira em Washington.
Raskin também repudiou os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro, vistos pelo norte-americano como um indicativo “de uma tentativa de atacar o processo eleitoral ou de colocar-se à margem desse processo, caso perca”.
“Essa é uma marca típica de partidos fascistas, que não aceitam o resultado de processos eleitorais quando perdem. Eles acabam incentivando a violência, o que piora a situação”, prosseguiu. “Eu quero ter certeza de que os EUA vão se colocar de forma muito forte ao lado das instituições democráticas no Brasil.”
No último domingo 24, durante a convenção nacional do PL, Bolsonaro convocou seus apoiadores às ruas no 7 de Setembro. Em 2021, os atos no Dia da Independência foram marcados por ameaças explícitas a instituições.
“Nós somos a maioria, somos do bem, temos disposição para lutar pela nossa liberdade, pela nossa Pátria. Convoco todos vocês agora para que todo mundo no 7 de Setembro vá às ruas pela última vez. Vamos às ruas pela última vez”, disse Bolsonaro em evento no Maracanãnzinho, no Rio de Janeiro. E emendou: “Esses poucos surdos de capa preta têm que entender o que é a voz do povo. Têm que entender que quem faz as leis é o Poder Executivo e Legislativo. Todos têm que jogar dentro das quatro linhas da Constituição”.
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