Política

Brasil não começou em 2003, diz Aécio Neves

Provável candidato tucano à presidência divulga documento com propostas que devem pautar sua campanha no ano que vem

Brasil não começou em 2003, diz Aécio Neves
Brasil não começou em 2003, diz Aécio Neves
Aécio Neves apresenta documento com diretrizes do PSDB para ano que vem
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Menos de 24 horas depois de José Serra ter anunciado seu afastamento da corrida presidencial de 2014, o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), apresentou um documento com propostas que devem pautar a campanha tucana no ano que vem. Em discurso proferido durante evento do partido na Câmara dos Deputados, o provável candidato do PSDB nas eleições disse que vai defender uma “reconciliação” do Brasil com o passado, exaltando o governo de Fernando Henrique Cardoso.

“Subo na tribuna para propor uma mudança definitiva, que passe pela reconciliação dos brasileiros com a própria história. Não podemos ser passivos com a tentativa de alguns de reescrever a história, dizer que o Brasil começou em 2003”, afirmou, em referência ao primeiro ano do mandato do ex-presidente Lula (PT).

Qualificando Fernando Henrique Cardoso como o “maior estadista vivo”, Aécio não poupou críticas ao governo de Dilma Rousseff em seu pronunciamento. “Criamos a responsabilidade fiscal. Eles criaram a contabilidade criativa, que tem desacreditado o Brasil”, disse.

Aécio destacou que o documento apresentado, intitulado “Para Mudar de Verdade o Brasil” (leia a íntegra), foi fruto de “uma caminhada profunda a um Brasil real, bem diferente do da propaganda”. “O Brasil não é o vermelho do PT nem o azul do PSDB. O Brasil é o verde e amarelo de todos os brasileiros”, acrescentou.

Dividido em três eixos, “Confiança”, “Cidadania” e “Prosperidade”, o documento apresenta 12 bases de uma “nova agenda para o país”, uma espécie de esboço do programa de governo. O texto faz uma crítica à gestão petista dizendo que, nos últimos anos, “sindicatos, entidades e movimentos sociais foram cooptados, deixando de responder aos interesses dos segmentos que deveriam representar para passar a servir aos interesses do poder estabelecido”.

Também faz um aceno ao setor do agronegócio, afirmando que “o produtor rural, no Brasil, é vítima de preconceitos”. “O sucesso da agricultura e da pecuária ocorre não por causa do governo, mas apesar do governo”, disse. “Não deve haver oposição entre o agricultou familiar e a agricultura comercial.”

Em relação à política externa, o documento faz nova crítica à condução do Itamaraty pelo atual governo e propõe uma “reintegração do Brasil ao mundo”. “O viés ideológico imposto à nossa política externa nos últimos anos está isolando o Brasil”, afirmou. “Demos as costas para importantes nações democráticas e abraçamos regimes de clara inclinação totalitária.”

Desistência de Serra O ex-governador de São Paulo usou sua página oficial no Facebook na noite de segunda-feira 16 para anunciar seu afastamento da corrida presidencial de 2014, abrindo espaço para a oficialização da candidatura de Aécio.

“Para esclarecer a amigos que têm me perguntado: Como a maioria dos dirigentes acha conveniente formalizar o quanto antes o nome de Aécio Neves para concorrer à Presidência da República, devem fazê-lo sem demora”, escreveu Serra. “Agradeço a todos aqueles que têm manifestado o desejo, pessoalmente ou por intermédio de pesquisas, de que eu concorra novamente.”

Em São Paulo, depois de inaugurar uma ciclovia na zona oeste, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que, com a desistência de Serra, Aécio “já é candidato”. “Isso (oficialização), formalmente, pode ser feito a qualquer momento.”

Em Brasília, após seu discurso, Aécio afirmou que vê na decisão de Serra um gesto de “desprendimento” na direção da unidade partidária, mas destacou que sua oficialização será feita em momento considerado oportuno para a sigla. “O PSDB tem uma agenda e vai definir o momento de lançamento, a partir da sua direção partidária, ouvindo obviamente cada uma dos Estados brasileiros.”

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