Política

Brasil manifesta preocupação com reforma tarifária aprovada no México

Governo brasileiro destacou que setor automotivo será pouco afetado

Brasil manifesta preocupação com reforma tarifária aprovada no México
Brasil manifesta preocupação com reforma tarifária aprovada no México
O presidente Lula (PT) e a presidente do México Claudia Sheinbaum. Fotos: Rodrigo Oropeza e Evaristo Sá/AFP
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O governo brasileiro acompanha com atenção e preocupação a reforma tarifária aprovada pelo Congresso do México que prevê a aplicação de tarifas de até 50% sobre importações de países sem acordo de livre-comércio com o México.

Em nota conjunta divulgada nesta sexta-feira 12, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) informaram que aguardam a publicação do texto final da lei para avaliar os impactos sobre as exportações brasileiras.

Aprovada na quinta-feira 11, a medida mexicana estabelece alíquotas entre 5% e 50% sobre cerca de 1,5 mil produtos de 17 setores estratégicos, como automóveis e autopeças, vestuário, plástico, siderurgia e eletrodomésticos. Além do Brasil, países como China, Índia, Coreia do Sul, Rússia e África do Sul também serão afetados. A previsão é que as novas tarifas entrem em vigor a partir de 1º de janeiro.

Segundo o governo brasileiro, o setor automotivo tende a ser pouco impactado, já que Brasil e México mantêm um acordo setorial de livre comércio. Ainda assim, há preocupação de que a elevação tarifária possa reduzir as preferências bilaterais existentes em outros segmentos e afetar negativamente o comércio e os investimentos entre os dois países, a depender das listas finais de produtos que serão publicadas.

“O Brasil tem mantido contato com autoridades mexicanas para tratar dos possíveis efeitos das mudanças tarifárias”, afirma a nota conjunta.

O governo ressalta que a relação bilateral é marcada por diálogo franco e visão estratégica compartilhada e defende que decisões unilaterais com impacto comercial sejam analisadas à luz do compromisso com previsibilidade, segurança jurídica e aprofundamento da integração produtiva.

O governo brasileiro reiterou que seguirá engajado em diálogo construtivo com o México para preservar o ambiente de cooperação e assegurar condições favoráveis ao comércio e aos investimentos entre os dois países.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) estima que até 15% das exportações brasileiras ao México possam ser afetadas. Para a entidade, o momento exige intensificação do diálogo bilateral.

Momento sensível

A aprovação do projeto ocorreu em caráter de urgência no Senado mexicano, por 76 votos a favor, cinco contrários e 35 abstenções. Parlamentares que se abstiveram criticaram a tramitação acelerada da proposta e apontaram risco de impacto inflacionário. A presidente do México, Claudia Sheinbaum, apoia a iniciativa e deve sancionar a lei nos próximos dias.

A decisão ocorre em um momento sensível para o México, às vésperas da revisão, prevista para 2026, do acordo de livre comércio com Estados Unidos e Canadá. O presidente norte-americano, Donald Trump, tem pressionado o governo mexicano, acusando o país de servir como rota de entrada de produtos chineses nos Estados Unidos. O governo chinês criticou a medida e afirmou que o protecionismo traz prejuízos à economia global.

Embora o governo mexicano afirme que a lei atinge apenas países sem acordos comerciais amplos, o Brasil mantém entendimentos setoriais com o México. Atualmente, o país é destino de 2,25% das exportações brasileiras, mas ocupa o sexto lugar entre os principais mercados de janeiro a novembro de 2025, com cerca de US$ 7 milhões exportados no período.

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