Mundo

Brasil errou ao isolar a Venezuela e virou foco de instabilidade regional, conclui governo de transição

A avaliação é de que o governo de Jair Bolsonaro contribuiu com a transformação da América do Sul em palco de disputa entre EUA e China

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: CAIO GUATELLI/AFP
Apoie Siga-nos no

A seção dedicada às relações exteriores no relatório final do governo de transição critica a adoção de “posturas negacionistas” pelo Brasil durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL). Repudia, também, “o predomínio de visão isolacionista do mundo”, o que teria afetado a capacidade do País de influenciar temas da agenda global.

O documento foi entregue na quinta-feira 22 pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A avaliação é de que o negacionismo de Bolsonaro colocou em xeque esforços globais de combate à pandemia e deixou de lado a proteção dos direitos humanos. Além disso, a equipe de transição entende que o governo do ex-capitão fez do Brasil um foco de instabilidade na América Latina e abandonou as relações com países africanos.

“Ao apostar no isolamento da Venezuela, o Brasil cometeu erro estratégico de transformar a América do Sul em palco da disputa geopolítica entre EUA, Rússia e China”, diz um trecho do relatório. “De catalisador de processos de integração, o País passou a ser fator de instabilidade regional.”

Outra impressão é de que a falta de diplomacia do governo Bolsonaro também se manifestou por meio da participação “desastrada” em alianças ultraconservadoras, em linha com “o desmonte de políticas públicas domésticas, em especial no que se refere a igualdade de gênero, direitos sexuais e reprodutivos e direito de minorias”.

O relatório ainda alerta para a dívida do Brasil com organizações internacionais, o que implica em prejuízo à sua imagem. Segundo o governo de transição, o País deve atualmente cerca de 5,5 bilhões de reais.

“Se um valor mínimo dessa dívida não for pago ainda no atual exercício, haverá perda de voto em organizações como a ONU, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), entre outras.”

O futuro ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira já afirmou que Lula determinou a reativação das relações diplomáticas com a Venezuela.

A retomada dos laços passará, segundo Vieira, pela definição de um encarregado de negócios que deverá reabrir os prédios brasileiros em Caracas, inclusive a embaixada. Isso deve ocorrer em 1º de janeiro, dia da posse de Lula. A segunda etapa será a escolha de um embaixador para trabalhar com o governo do presidente Nicolás Maduro.

O Brasil também deixará de reconhecer como presidente da Venezuela Juan Guaidó, autoproclamado chefe de Estado. A relação com Guaidó foi formalizada no início do governo de Jair Bolsonaro (PL), em janeiro de 2019.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo