Política

Braga Netto recebeu quase R$ 1 milhão em salários no auge da pandemia

Denúncia foi feita pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO), que apontou ainda vencimentos no mesmo patamar de outros militares do governo, como Eduardo Ramos e Bento Albuquerque

Braga Netto e Jair Bolsonaro. Foto: EVARISTO SA / AFP
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O candidato a vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro (PL), general Walter Braga Netto, recebeu 926 mil reais de salários em dois meses de 2020, quando o Brasil atravessava o auge da pandemia de Covid-19. Outros militares do governo, como Luiz Eduardo Ramos, atual chefe da Secretaria-Geral da Presidência, e Bento Albuquerque, ex-ministro de Minas e Energia, também tiveram vencimentos significativos no mesmo período.

A denúncia dos supersalários foi realizada pelo deputado Elias Vaz (PSB-GO), que reuniu informações publicadas no Portal da Transparência. O caso foi divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo desta quinta-feira 11. Outros militares com posição de destaque em escalões inferiores do governo Bolsonaro também receberam salários bem acima do teto constitucional.

De acordo com o levantamento do parlamentar, Braga Netto teria sido remunerado em 120 mil reais em um único mês apenas como remuneração de suas férias. O valor integra o montante de 926 mil reais, no qual também estão somados os salários de 31 mil reais de março e junho. A ele, foram ainda destinados, segundo o próprio Exército, ‘adicionais não recebidos ao longo da carreira’.

Bento Albuquerque foi outro a alcançar a marca do milhão ao ocupar um cargo no governo Bolsonaro. O montante se refere à somatória dos meses de março e junho de 2020, auge da pandemia. Ramos, por sua vez, somou 731 mil reais entre agosto e setembro daquele ano, ocupando o cargo de Secretário de Governo. Como militares, seus salários regulares giram em torno de 35 mil.

Em todos os casos, a folha salarial dos militares aumentou por uma manobra de Bolsonaro. O presidente, em 2019, permitiu que integrantes das Forças Armadas recebessem oito vezes o valor do soldo quando passassem para a reserva a título de indenização. O montante antes de Bolsonaro era de quatro vezes o valor recebido nas funções. Com a ação, o gasto para a ação saltou de 75 bilhões de reais para 86 bilhões de reais.

Há ainda, no atual governo, casos como o de Juniti Saito, tenente-brigadeiro da reserva e ex-comandante da Aeronáutica, que, segundo os dados coletados pelo deputado, recebeu um montante bruto de 1,4 milhão de reais, em abril de 2020.

Os valores obtidos por Vaz, de acordo com o próprio parlamentar, deverão ser explicados pelo Ministério da Defesa. “Queremos ver se os pagamentos estão dentro do princípio da moralidade pública. Professores, médicos e o pessoal de outros ministérios não recebem esse tipo de coisa”, afirmou o deputado ao jornal.

Em todos os casos citados, as Forças Armadas argumentaram que os pagamentos estão fundamentados em instrumentos legais. Braga Netto e Bento Albuquerque não se pronunciaram. Ramos, por sua vez, justificou os valores recebidos citando o ‘caráter indenizatório ou de ressarcimento relativos à sua ida para a reserva’.

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