Política
Boulos amplia ofensiva após apagão em São Paulo e aciona o MP contra a gestão Nunes
O prefeito, por sua vez, sobe o tom contra a Enel e chama o adversário de ‘oportunista’


O candidato à prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) reforçou suas críticas ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) após o apagão que atinge a capital desde a noite da sexta-feira 11.
Até o fim da tarde deste sábado 12, a estimativa era que estavam no escuro 1,45 milhão de clientes da Enel na Grande São Paulo, cerca de 960 mil deles na capital.
A concessionária não divulga oficialmente uma previsão de quando haverá o pleno restabelecimento do serviço, mas moradores de diversos bairros receberam um comunicado com a projeção de que a volta da energia pode se concretizar apenas na segunda-feira 14.
Boulos protocolou neste sábado uma representação no Ministério Público de São Paulo contra a Enel e a prefeitura.
Contra a empresa, ele pede a abertura de uma investigação sobre a conduta em caso de fortes chuvas, a apresentação de um plano emergencial para restabelecer a energia em temporais e uma multa de 50 milhões de reais por dia de apagão.
O candidato também cobra uma apuração contra a prefeitura pela “ineficiência da atual política pública de manejo e poda de árvores” e exige um plano emergencial para esse serviço.
“Não se pode alegar que sejam fatos isolados ou que se trate de um evento climático inesperado, pois a cidade tem sido atingida por eventos semelhantes todos os anos, mas repetidamente tem sofrido as consequências da queda de árvores que não foram efetivamente podadas e manejadas de forma preventiva pelos órgãos competentes”, diz um trecho da representação.
Segundo Boulos, Nunes se esquiva da responsabilidade da prefeitura ao culpar apenas a Enel pelo apagão. “Cabe à prefeitura traçar planos de prevenção e contenção desses eventos climáticos que reiteradamente atingem a capital.”
Nas redes sociais, Ricardo Nunes disse estar “cansado” dos problemas decorrentes da falta de fornecimento de energia pela Enel, “que tem prestado um desserviço à cidade”.
“Minha luta contra a ineficiência da Enel é antiga, mas a fiscalização e a concessão são responsabilidade do governo federal, não da prefeitura. Mas não vamos deixar pra lá”, publicou.
Em uma nota, a campanha do prefeito alegou que Boulos trata a tragédia “de maneira insensível e oportunista”.
Eventuais impactos eleitorais do apagão serão conhecidos na semana que vem, com a divulgação de uma série de pesquisas de intenção de voto. Veja a lista aqui.
Em outra frente, a Agência Nacional de Energia Elétrica informou, na tarde deste sábado, que intimará a Enel de São Paulo. O processo, a depender da resposta da empresa, poderá levar ao fim dos direitos de concessão.
A área de fiscalização do órgão será a responsável por intimar a companhia para apresentar justificativas e uma “proposta de adequação imediata do serviço”.
“Como parte do processo de intimação, a proposta será avaliada pela diretoria colegiada da Aneel e, caso a empresa não apresente solução satisfatória e imediata da prestação do serviço, a Agência instaurará processo de recomendação da caducidade da concessão junto ao MME [Ministério de Minas e Energia]”, diz a Aneel.
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