Política

Bolsonaro volta a ser alvo de protestos de agentes da Polícia Federal

Agentes dizem que presidente falta com a verdade ao alegar que faltam recursos para a reestruturação da corporação

Foto: Filipe ARAUJO / AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a ser alvo nesta terça-feira 24 de manifestações de agentes da Polícia Federal em alguns estados. Delegados e policiais cobram que o ex-capitão cumpra as promessas de reestruturar a corporação.

No fim do ano passado, o presidente garantiu que destinaria uma verba já prevista de 1,7 bilhão de reais para reajustar salários dos agentes federais de segurança, que incluem os policiais federais, agentes penitenciários e policiais rodoviários federais.

Agora, no entanto, Bolsonaro alega que faltam recursos. Na semana passada, o presidente chegou a sinalizar que existe possibilidade de criar uma proposta para reestruturar as carreiras dos agentes da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional (Depen). A proposta, porém, não atende os policiais federais.

“O presidente vem descumprindo com o compromisso que foi firmado por ele mesmo. Não houve nenhum tipo de negociação. O que queremos é que haja o respeito e o cumprimento do que foi prometido”, afirmou Luciano Leiro, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) em conversa com CartaCapital. “Nos causa estranheza essa mudança de comportamento. O que nos causa estranheza esse tratamento desigual, desvalorizando a PF.  Será que é uma retaliação?”, questionou o delegado.

Os protestos ocorreram ao menos no Ceará e no Amapá. Na quarta-feira 25, haverá manifestações no Rio de Janeiro, com possibilidade dos agentes paralisarem os trabalhos no aeroporto do Galeão e, na quinta-feira 26, no Pará.

“Desde o início do governo só tivemos perdas em uma série de demandas”, declarou Leiro.

A insatisfação dos policiais com o presidente vem desde 2019, quando a reforma da Previdência foi aprovada. Na ocasião, o governo não incluiu policiais civis, rodoviários e federais no mesmo pacote dos militares, com regras mais brandas.

O estopim veio adiante, com a PEC Emergencial, em que os policiais, assim como todos os servidores, ficaram sujeitos ao congelamento salarial caso as despesas da União, de estados e municípios chegassem a 95% da receita corrente.

“Essa conversa de que não há recurso é um desrespeito. O que não há é o compromisso sendo honrado”, critica o presidente da ADPF. “É uma insatisfação jamais vista entre os policiais federais em relação ao governo federal”.

Reprodução redes sociais

Fiscalização mais rigorosa

Na segunda-feira 23, a PF começou a fazer o que chama de “inspeções mais minuciosas” em portos e aeroportos com o objetivo de divulgar o trabalho da corporação. A ação foi feita em Belo Horizonte, Porto Alegre, Teresina e Fortaleza.

“Queremos mostrar à sociedade que temos uma série de atribuições e que estamos cansados das idas e vindas sobre a reestruturação e a prioridade que nos foram prometidas”, disse o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Marcus Firme .

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo