Política

Bolsonaro volta a atacar jornalistas ao ser questionado sobre Covaxin

Irritado, presidente insistiu que não houve compras das doses e afirmou que inquérito para apurar alegações será aberto

(Foto: Reprodução/CNN Brasil)
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O presidente Jair Bolsonaro voltou a atacar jornalistas ao ser questionado, nesta sexta-feira 25, sobre os contratos com a vacina Covaxin, que estão no centro de um possível escândalo por compras superfaturadas dentro do Ministério de Saúde.

Apesar dos 20 milhões de doses do imunizante aparecerem como “contratados” nos indicativos de vacinas contra a Covid-19 elaboradas pela Saúde, Bolsonaro irritou-se ao ser questionado sobre o contrato. O governo afirma que não houve repasse de nenhum valor e que ele seria pago quando as doses chegassem ao País.

“Comprada quando? Responda! Pare de fazer pergunta idiota, pelo amor de Deus. Nasçam de novo, vocês. Ridículo! Vocês estão empregados onde? Vamos fazer pergunta inteligente, pessoal. A gente quer salvar vidas”, respondeu. Depois, disse a outro profissional que ele deveria “voltar para a faculdade”.

O presidente está em Sorocaba, interior de São Paulo, para um evento em um centro tecnológico. Ele não usava máscara.

Bolsonaro ainda cobrou a imprensa por não “elogiá-lo” por “dois anos e meio sem corrupção” em seu governo. “vocês querem imputar a mim um crime de corrupção”, afirmou. Depois, disse que um superfaturamento de 1000% seria notável para “qualquer cego” e afirmou que existirá inquérito para investigar as alegações do deputado Luís Miranda (DEM-DF).

Miranda tem sido o pivô da denúncia e depõe na CPI da Covid hoje. O parlamentar afirma que seu irmão Luis Ricardo Fernandes Miranda, um servidor do Ministério da Saúde, foi pressionado para assinar um contrato de 1,6 bilhão de reais para a compra das vacinas Covaxin — um superfaturamento de 1000% em relação ao valor anunciado originalmente. A empresa nega e afirma que mantém o preço base de doses em todo o mundo.

 

Luís Miranda afirmou que o presidente Jair Bolsonaro sabia das suspeitas de irregularidade e apresentou prints com conversas diretas com assessores. Ele também visitou o presidente no Palácio do Planalto, onde disse ter conversado sobre a suspeita com ele, que prometeu encaminhar o caso à Polícia Federal. A PF, até o momento, não encontrou inquéritos referentes aos contratos da Covaxin.

Aos jornalistas, Bolsonaro disse que recebe “uma infinidade de pessoas que não conhece” em sua residência e que não há nenhum “recibo” da compra da vacinas com o parlamentar.

“Tem algum recibo meu pra ele? Foi consumado o ato? Foi retificado.” Segundo o presidente “qualquer cego” veria um superfaturamento de 1.000%. Depois, afirmou que um inquérito deveria ser instaurado e levantou dúvidas sobre o passado de Miranda — que já foi alvo de denúncias de golpes pela internet. “Dá para perceber que tem coisa esquisita aí. Olha a vida pregressa”, disse o presidente.

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