Política
Bolsonaro volta a atacar isolamento: “não está difícil saber o que nos espera”
O presidente está em campanha pelo fim da quarentena e defende que as pessoas possam voltar ao trabalho
Jair Bolsonaro subiu mais um degrau na sua campanha pelo fim da quarentena, medida recomendada pelas autoridades de saúde como meio mais eficaz para frear a propagação do coronavírus. “A continuar com o fecha geral, não está difícil de saber o que nos espera”, escreveu o presidente no Twitter.
O ex-capitão postou a capa do jornal O Estado de S.Paulo deste domingo 19 que destaca na manchete que 91 milhões de pessoas já deixaram de pagar alguma conta em abril no País. “Essa mesma imprensa diz que todos devem ficar em casa”, diz o post do presidente.
– Essa mesma imprensa diz que todos devem FICAR EM CASA.
– A continuar com o FECHA GERAL não está difícil de saber o que nos espera. pic.twitter.com/Y5xJnGrslg
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) April 19, 2020
Bolsonaro está em guerra com os governadores e prefeitos que determinaram medidas de isolamento social nos estados e cidades para frear o avanço da pandemia. Sem vacina e remédios, a covid-19 tem no distanciamento social a forma mais eficaz de prevenção, segundo autoridades médicas de todo o mundo, a começar pela Organização Mundial da Saúde (OMS), frequente alvo de ataques de Bolsonaro.
No sábado 18, o presidente voltou a contrariar as recomendações de isolamento social ao aparecer no Palácio do Planalto e provocar aglomeração de apoiadores em frente à sede do poder executivo. Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada por volta das 15h e foi até o Palácio do Planalto, segundo ele “para ver o movimento”. A maioria dos apoiadores não usava máscara de proteção – e nem o presidente.
Separado dos apoiadores por grades, o ex-capitão voltou a criticar o isolamento social adotado por governadores e prefeitos, falou que milhões de pessoas já perderam seus empregos e afirmou que “vai faltar dinheiro para pagar o funcionalismo público” com a paralisação da economia.
Também neste sábado, apoiadores do presidente voltaram às ruas em carreatas pedindo a reabertura do comércio e também para fazer críticas ao governador João Doria, à Rede Globo e ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Em São Paulo, dezenas de carros se concentraram próximo ao cruzamento das avenidas Paulista e Rebouças e fizeram buzinaço, bloqueando o trânsito em vias de acesso a grandes hospitais da capital.
Os manifestantes ficaram parados em seus carros na região onde estão localizados o Hospital Emílio Ribas, unidade de referência em infectologia e que está destinado totalmente ao atendimento de pacientes com o coronavírus, cujos leitos atingiram 100% de sua capacidade, e também o Hospital das Clínicas, os dois da rede pública e responsáveis por atender grande parte das vítimas de covid0-19 na capital paulista.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Silvio Santos trata Bolsonaro como ‘patrão’ em comunicado para funcionários
Por CartaCapital
Apoiadores de Bolsonaro ignoram quarentena e voltam a fazer carreatas
Por CartaCapital
Coronavírus provoca outra pandemia: a dos palpiteiros sem noção
Por Riad Younes



