Política

Bolsonaro usou documento da ‘Abin paralela’ em live para atacar o sistema eleitoral, diz PF

O documento divulgado sugeria uma suposta insegurança do sistema de votação brasileiro sem qualquer prova

Bolsonaro usou documento da ‘Abin paralela’ em live para atacar o sistema eleitoral, diz PF
Bolsonaro usou documento da ‘Abin paralela’ em live para atacar o sistema eleitoral, diz PF
O presidente Jair Bolsonaro, durante live semanal na internet. Foto: Reprodução
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usou um documento produzido a pedido da ‘Abin Paralela’ em uma transmissão ao vivo que atacou o sistema eleitoral brasileiro e defendeu a adoção do voto impresso, segundo o inquérito da Polícia Federal divulgado nesta terça-feira 18.

Segundo a apuração da PF, o ex-presidente divulgou em 4 de agosto de 2021 de forma indevida um inquérito que apurava um incidente cibernético no Tribunal Superior Eleitoral. O documento divulgado por Bolsonaro, conforme a PF, apresentava vários pontos que sugerem a insegurança do sistema de votação brasileiro sem qualquer prova.

“Nesta live, o ex-presidente repetiu alegações infundadas de fraude eleitoral e vulnerabilidades das urnas, disseminando desinformação para desacreditar o sistema eleitoral”, diz o documento. A utilização da Abin para o ataque às urnas eletrônicas foi uma das inúmeras ações realizadas direcionadas para obtenção de vantagens políticas para o núcleo político, afirma o relatório da PF.

“Apesar de registrar a inexistência de fraude eleitoral, as alegações e “críticas” produzidas por servidores da Abin no exercício de suas funções reverberaram como ‘discurso de autoridade’ do então Diretor Alexandre Ramagem”, completa o documento.

Como funcionava o esquema de monitoramento ilegal?

A PF apurou que os servidores da Abin usavam instrumentos adquiridos pela agência durante os governos Bolsonaro e Michel Temer (MDB) para coletar ilegalmente informações e alimentar o chamado “gabinete do ódio”.

O grupo tinha como alvo autoridades do Judiciário, Legislativo e Executivo, além de jornalistas. Entre os alvos da espionagem estavam nomes como do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, e dos ex-presidentes da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Maia, além do senador Renan Calheiros (MDB-AL).

O software, desenvolvido pela empresa israelense Cognyte, foi contratado pela agência com dispensa de licitação por 5,7 milhões no fim de 2018. As investigações apontam que a ferramenta foi utilizada ao longo do governo Bolsonaro até meados de 2021.

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