Política

Bolsonaro tem menos encontros relacionados à pandemia do que governadores

No pior mês da pandemia, presidente só teve cinco reuniões oficiais com nomes da saúde; Doria, por exemplo, teve 24

Foto: EVARISTO SA / AFP
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No pior mês da pandemia do novo coronavírus no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro dedicou pouco tempo ao tema.

De acordo com a sua agenda oficial, Bolsonaro recebeu o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, somente uma vez. Com o escolhido para substituir o general na pasta, Marcelo Queiroga, o presidente esteve uma vez, no dia 15.

Fora dos registros, segundo noticiou a imprensa, o presidente esteve com Pazuello ao menos duas vezes no período para tratar de sua substituição.

Até a segunda-feira 22, o País registrou 295.425 óbitos por Covid-19. Nesta terça-feira 23, somente o Estado de São Paulo contabilizou mais de mil mortes pela primeira vez.

Em março, o Brasil bateu de vítimas da Covid-19. De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz, a média de mortes cresce há um mês.

O número de óbitos registrados na segunda é 119% superior ao observado em 22 de fevereiro (1.052 mortes). Na comparação com 14 dias atrás (8 de março), quando a média chegou a 1.525, a alta é de 51%.

Nos encontros oficiais de Bolsonaro neste mês, ainda houve compromissos com o presidente da Anvisa, Antônio Barros Torres, e virtualmente com Albert Boula, da Pfizer.

No entanto, quando comparada com a de governadores, a agenda oficial do presidente fica atrás no número de reuniões que tenham como tema principal o combate à pandemia.

O presidente teve cinco encontros que envolvem a Covid-19. Um deles foi a cerimônia da sanção de projeto que facilita aquisição de vacinas, no dia 10 de março, quando o País pela primeira vez ultrapassou as duas mil mortes diárias.

Com uma reunião e participação em evento, o dia 10 de março foi o de maior compromisso do presidente relacionado ao tema

Em média, no momento mais agudo da pandemia, Bolsonaro teve menos de um compromisso por dia relacionado à crise sanitária. Mais precisamente 0,21.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), sem contar as entrevistas coletivas quase que diárias sobre o avanço da doença no estado, reuniu-se ou participou de ao menos 24 compromissos sobre a pandemia do novo coroanvírus. Na lista, há reuniões com secretários, visitas ao Instituto Butantan, que fabrica a CoronaVac no Brasil, além de encontros com produtores de oxigênio.

Já o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), que preside o Consórcio Nordeste, até o dia 16 de março, teve 14 compromissos sobre a pandemia. Na agenda oficial do petista, aparecem reuniões com a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e com representantes da União Química, responsável no Brasil por fabricar a vacina Sputnik V.

Agenda do dia 15 do governador do Piauí

Governadores criticam indefinição

A substituição do ministro Pazuello, ainda não concretizada, é vista como mais um obstáculo pelos governadores no combate à pandemia. “Temos dois ministros e, na verdade, não temos nenhum”, disse Doria em evento ontem.

O governador da Bahia, Rui Costa (PT), usou o mesmo tom. “Não se pode fazer exoneração e nomeação no gerúndio, demitindo um ministro e nomeando um novo há uma semana. Quem está tentando salvar vidas neste momento fica se perguntando: com quem eu falo? Quem está decidindo neste momento? O Brasil é um barco à deriva”, afirmou Costa em entrevista à Rádio Eldorado.

“Temos dois ministros da Saúde, por conseguinte nenhum. Um saiu, mas não saiu. Um entrou, mas não entrou”, escreveu Flávio Dino (PCdoB0MA) em suas redes sociais.

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