Bolsonaro se empenhou em disseminar a Covid-19, mostra estudo da USP

Pesquisa foi enviada à CPI da Covid; a tese para responsabilizar a gestão federal pelo colapso do sistema se fortalece

O presidente Jair Bolsonaro, durante cerimônia de posse de Eduardo Pazuello no Ministério da Saúde. Foto: Reprodução

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Um estudo feito por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que o governo do presidente Jair Bolsonaro teve um empenho e eficiência em prol da ampla disseminação do coronavírus no Brasil. A pesquisa foi publicada em janeiro de 2021 e atualizada nesta semana a pedido da CPI da Covid do Senado Federal.

 

 

Com estudo em posse dos senadores, a tese para responsabilizar a gestão federal pelo colapso do sistema de saúde se fortalece e acende mais um alerta vermelho no Planalto.

“A sistematização de dados sobre ações e omissões revela o empenho e a eficiência da atuação da União em prol da ampla disseminação do vírus no território nacional, compreendendo uma expressiva variedade de atores que ocupam elevados cargos na esfera federal”, diz o relatório.


Realizado em parceria com a Conectas Direitos Humanos, o levantamento fez uma linha do tempo da evolução da pandemia no Brasil ao mesmo tempo que coletou ações dos governos federal, estaduais e municipais para o combate à Covid-19.

As fontes utilizadas no estudo foram normas federais, jurisprudência, discursos oficiais, manifestações públicas de autoridades federais e busca em plataformas digitais.

Foram selecionados as seguintes ações do governo que favoreceram o aumento dos casos de Covid-19 no Brasil:

  • Imunidade de rebanho (ou coletiva) por contágio (ou transmissão);
  • Incitação constante à exposição da população ao vírus e ao descumprimento de medidas sanitárias preventivas;
  • “Tratamento precoce” para a Covid-19 que foi convertido em política pública de saúde;
  • Banalização das mortes e das sequelas causadas pela doença;
  • Obstrução sistemática às medidas de contenção promovidas por governadores e prefeitos, justificada pela suposta oposição entre a proteção da saúde e a proteção da economia;
  • Foco em medidas de assistência e abstenção de medidas de prevenção
  • Ataques a críticos da resposta federal à pandemia
  • Consciência da ilicitude de determinadas condutas

“Cabe ressaltar, neste ponto, que as estratégias de resposta destinadas à população civil diferem sobremaneira da estratégia de resposta empregada no meio militar, que teria seguido com rigor as recomendações da OMS, com excelentes resultados”, diz o relatório.

 

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