Política

Bolsonaro se apropriou de 94 presentes sem passar por avaliação de órgão técnico, diz jornal

Entre os itens estão canetas de marcas de luxo, pedras ametistas e esculturas que podem conter metais preciosos, como ouro e prata

Foto: EVARISTO SA / AFP
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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) não permitiu a avaliação técnica de 94 presentes incorporados ao seu acervo pessoal. A informação é do jornal O Globo desta terça-feira 4 que revelou o modus operandi do ex-capitão para ficar com os itens sem que os valores reais fossem apurados.

De acordo com o jornal, entre os mais de 9 mil itens mantidos no acervo do ex-capitão, 94 deles não puderam ser avaliados por ordens diretas de Bolsonaro. Neste caso, o catálogo traz uma descrição genérica e a informação de que “não foi possível detalhar a descrição da peça, uma vez que a mesma foi entregue diretamente ao presidente, a pedido do mesmo, sem passar por este GADH”. A ordem de Bolsonaro para pular a etapa de avaliação, segundo o jornal, era dada sempre que ele queria ficar com um item para si.

Entre os 94 itens mantidos por Bolsonaro sem avaliação estão canetas de marcas de luxo, uma arma de alto calibre e munição, além de pedras raras e outras esculturas em metal, que podem ter um alto valor, até mesmo ser ouro ou prata.

A arma mantida por Bolsonaro, por exemplo, é uma espingarda semi-automática de calibre 12. A marca do equipamento é a Typhoon Defense e foi entregue ao ex-capitão com carregadores, bandoleira, um kit de manutenção e 25 cartuchos de munição. Em sites especializados apenas a arma varia entre 2,5 mil e 3,5 reais.

Entre os 94 itens também chamam a atenção as canetas mantidas por Bolsonaro sem passar por avaliação do órgão técnico. É o caso, por exemplo, de uma Mont Blanc edição especial da Disney e outra da marca Crown, descrita apenas como ‘dourada’. Canetas semelhantes das duas marcas podem custar, segundo apuração do jornal, cerca de 6 mil reais.

Estátuas são outros componentes do acervo que não puderam ser avaliados pelos técnicos do Planalto. Há, por exemplo, um busto do jogador Mané Garrincha com a camisa do Botafogo. O item tem “traços em preto e rosto nas cores verde e branca”, segundo a descrição genérica, que não pode se aprofundar no material de fabricação porque Bolsonaro ficou com a peça. O mesmo aconteceu com uma escultura do arcanjo Miguel, que descreve o item de forma geral como ‘marrom, ornado em dourado’, mas sem dizer o metal utilizado, nem um valor estimado para a peça. Outras duas esculturas – uma espada e uma releitura dos macacos sábios – também estão na mesma situação.

Há ainda pelo menos um quadro mantido em acervo por Bolsonaro sem avaliação. A moldura possui peças de metal. Sem a avaliação técnica não é possível saber se a peça se trata de um item com valor histórico ou mesmo se o metal utilizado na moldura se trata de ouro ou prata.

Também de acordo com a lista de presentes obtidas pelo jornal, Bolsonaro manteve dois troféus, um deles dourado, em seu acervo pessoal. Novamente, o documento diz que “não foi possível detalhar a descrição da peça, uma vez que a mesma foi entregue diretamente ao presidente, a pedido do mesmo, sem passar por este GADH”. O valor dos itens e o metal usado em sua composição não são, portanto, conhecidos. Há ainda amostras de pedras ametistas mantidas por Bolsonaro na mesma situação.

Itens curiosos como um assento massageador vendido por cerca de 1 mil reais também integram a lista de itens apropriados por Bolsonaro sem avaliação técnica. A defesa do ex-capitão foi procurada, mas não comentou.

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