Política

Bolsonaro reclama de fechamento de igrejas: “Providências absurdas”

Presidente da República comparou pandemia de coronavírus a uma chuva passageira: ‘Se botar uma capinha, passa’

O presidente da República, Jair Bolsonaro, cedeu entrevista ao Programa do Ratinho. Foto: Reprodução/YouTube
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O presidente Jair Bolsonaro criticou, na sexta-feira 20, o fechamento de igrejas para conter a proliferação do novo coronavírus. Em entrevista ao Programa do Ratinho, da emissora SBT, Bolsonaro afirmou que os governadores estão tomando medidas “absurdas” contra a pandemia e disse que a economia pode ser prejudicada.

A recomendação sobre fechamento de templos religiosos teve resistência do pastor Silas Malafaia, que se recusou a interromper as atividades. No estado de São Paulo, o Ministério Público chegou a pedir ao Tribunal de Justiça que proibisse cultos e missas. A Justiça acatou a representação e determinou multa de 10 mil reais para líderes religiosos que convoquem eventos nas igrejas.

“O quê que eu vejo no Brasil, aqui. Não são todos, mas muita gente. Para dar uma satisfação para o seu eleitorado, toma providências absurdas. Como eu te falei agora há pouco. Fechando shopping. Tem gente que quer fechar igrejas, o último refúgio das pessoas. Lógico que o pastor vai saber conduzir lá o seu culto. Ele vai ter consciência, o pastor, o padre, se a igreja está muito cheia, falar alguma coisa, ele vai decidir lá”, disse.

Bolsonaro citou ainda o artigo 5º da Constituição Federal, que define como inviolável a a liberdade de consciência e de crença, assegura o livre exercício dos cultos religiosos e garante a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.

Em seguida, comparou a pandemia a uma chuva passageira e defendeu, novamente, que não haja pânico durante a proliferação do vírus no país.

“Isso que a gente tem que falar para a sociedade. Olha, vamos passar por isso, a chuva está vindo aí, você vai se molhar. Agora, se você botar uma capinha aqui, tudo bem, passa. Agora, se você entrar em parafuso, tu vai morrer afogado embaixo da chuva, pô”, disse o presidente.

Em coletiva de imprensa no Palácio do Planalto, horas antes da exibição da entrevista na televisão, Bolsonaro ironizou a crise de saúde e chamou o novo vírus de “gripezinha”. Em situações anteriores, queixou-se de “superdimensionamento” dos impactos do coronavírus, afirmou que a crise “não é isso tudo” e disse que os efeitos da doença são “muito mais fantasia da grande mídia”.

Ao apresentador Ratinho, Bolsonaro defendeu ainda que os trabalhadores informais voltem a trabalhar. Segundo ele, a economia pode ser afetada se todos interromperem suas atividades.

“Não podemos criar esse clima todo que está aí. Prejudica a economia. Uma pessoa que vive da informalidade, geralmente, é uma pessoa que não ganha bem. E leva os seus alimentos para casa, sustenta a sua família com muita dificuldade. Se ele perde esse emprego, vai ficar pior. Alguém da família no estado de inanição, chegando o vírus, ele tem mais chance de entrar em óbito do que se estivesse praticando a informalidade”, declarou.

Já são mais de mil casos de coronavírus no Brasil, em 25 estados e no Distrito Federal. O país contabiliza 12 mortos, nove delas em São Paulo e três no Rio de Janeiro.

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