Política

Bolsonaro: “Quero continuar presidente, não dá pra dar um golpe, não?”

Sem saber que os microfones estavam abertos, presidente brinca ao passar o comando do Mercosul para o paraguaio Mario Abdo Benítez

Bolsonaro: “Quero continuar presidente, não dá pra dar um golpe, não?”
Bolsonaro: “Quero continuar presidente, não dá pra dar um golpe, não?”
Bolsonaro faz a passagem formal da presidência do Mercosul ao presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez (Foto: Alan Santos/PR)
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Ao passar a presidência do Mercosul para o líder do Paraguai, Mario Abdo Benítez, o presidente Jair Bolsonaro usou de uma brincadeira: “Quero continuar presidente, não dá pra dar um golpe, não? Tudo quando eles perdem dizem que é golpe. É impressionante, né?”. Benítez riu. Ao fazer a declaração, o presidente não percebeu que os microfones de tradução simultânea da Cúpula do Mercosul, realizada em Bento Gonçalves (RS), nesta quinta-feira 5, estavam abertos.

A zombaria do presidente não foi bem aceita nas redes sociais. A deputada federal Erika Kokay (PT-DF) considerou a atitude do presidente “inaceitável”.

Não é a primeira vez que o presidente flerta com o autoritarismo. Quando o seu filho 03, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e depois o ministro da Economia, Paulo Guedes, citaram o AI-5 em declarações, Bolsonaro minimizou a situação. Afirmou que as falas eram “apenas como uma expressão, no contexto de eventuais manifestações se transformarem em ações violentas”. “Não vejo por que tanta pressão em cima dos dois por isso aí”, declarou.

Em entrevista à Rede Record, o presidente afirmou que chegou a ser pressionado para afastar Guedes do cargo após a declaração mas disse que se tratava de uma tentativa de desequilibrar a economia do País.

Também não dá para desconsiderar as vezes em que Bolsonaro fez odes ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, chefe do DOI-Codi, órgão de repressão política no período do governo militar. Em agosto, o presidente comentou com jornalistas sobre um almoço marcado com a viúva de Ustra, Maria Joseíta Silva Brilhante Ustra. “Tem um coração enorme. Eu sou apaixonado por ela. Não tive muito contato, mas tive alguns contatos com o marido dela enquanto estava vivo. Um herói nacional que evitou que o Brasil caísse naquilo que a esquerda hoje em dia quer”, afirmou.

A 55ª reunião de líderes do Mercosul foi a primeira comandada por Bolsonaro desde a sua posse, em janeiro. Pelo sistema de rodízio, por ordem alfabética, o Brasil recebe a presidência do bloco da Argentina e a passa ao Paraguai.

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