Política
Bolsonaro quer subsidiar energia elétrica para igrejas
Proposta, no entanto, encontrou dificuldades no Ministério da Economia, que não é favorável aos subsídios para o setor


O presidente Jair Bolsonaro parece disposto a contrariar sua equipe econômica para garantir o apoio de uma importante base eleitoral: a dos evangélicos. De acordo com uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo divulgada nesta sexta-feira 10, Bolsonaro quer subsidiar a conta de energia elétrica de grandes templos religiosos.
O processo, segundo a reportagem, já passou pelo Ministério de Minas e Energia, que elaborou uma minuta de decreto presidencial para análise. No entanto, quando chegou no Ministério da Economia, o projeto enfrentou resistência.
O governo quer tarifas as igrejas com um valor mais barato nos horários “mais caros”, ou seja, no período noturno. A maior parte dos cultos e demais celebrações religiosas dos templos ocorre no período noturno. Quem custearia a diferença entre os valores, no entanto, seria a população no geral. Os estudos acerca dos valores ainda não foram divulgados.
A medida deve enfrentar dificuldades ao passar pelo Ministério da Economia, já que os subsídios vão no sentido contrário de políticas de austeridade adotadas por Paulo Guedes. Isso porque o setor energético é considerado estratégico para atrair investimentos, e mais insumos em cima das contas poderiam afastar os investidores.
O tópico, inclusive, já estaria na mira do Tribunal de Contas da União (TCU), e integrantes do governo poderiam ser multados caso o projeto seja apresentado via decreto, conforme as intenções do presidente. Ainda sob análise e silêncio por parte do governo, o projeto segue como uma primeira possibilidade de enfrentamento entre Bolsonaro e Guedes em 2020.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.