Política

Bolsonaro propõe criar boi em terra indígena para reduzir preço da carne

Presidente defendeu também que os indígenas tenham direito de arrendar as suas terras para a pecuária e para a produção de soja ou milho

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que "pessoas com HIV são despesa para o país". Foto: Arquivo/Antônio Cruz/Agência Brasil
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O presidente Jair Bolsonaro propôs, nesta quinta-feira 19, a criação de bois em terras indígenas para diminuir o preço da carne. A declaração ocorreu em frente ao Palácio do Alvorada, em Brasília, durante conversa com a imprensa.

Ele recebeu representantes indígenas e anunciou projetos que deve enviar ao Congresso Nacional. A primeira proposta citada foi a de incentivar que indígenas pratiquem atividades relacionadas ao garimpo. Em seguida, disse que também deve criar um projeto sobre bovinocultura.

“O que eles vieram falar comigo aqui, entre outras coisas? Garimpo. Por que, na sua fazenda, você pode garimpar, você que é branco, e ele que é índio não pode garimpar?”, indagou. “Plantar, agricultura. O preço da carne subiu. Nós temos que criar mais boi aqui. Não teve a Lei Áurea? A gente quer dar a Lei Áurea para o índio.”

Bolsonaro defendeu também que os indígenas tenham direito de arrendar as suas terras para a pecuária e para a produção de soja ou milho. Hoje, essa possibilidade é proibida. O projeto, segundo ele, já está pronto.

Na ocasião, ele também questionou o interesse estrangeiro nessas áreas. “A ideia não é protegê-los, e sim pegar o que eles têm de bom. Vocês acham que os estrangeiros estão preocupados com o futuro deles? Não estão”, afirmou.

O preço da carne subiu nos últimos meses após a China aumentar a compra de carnes brasileiras. O aumento de vendas para fora contribuiu para a que a oferta ficasse mais cara. O Brasil é o segundo maior produtor de carne bovina e o principal exportador mundial.

A possibilidade de produção agropecuária em terras indígenas já foi debate na Câmara dos Deputados. Em agosto, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa aprovou uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permitia a atividade nesses territórios.

Para deputados da oposição, os povos indígenas já podem exercer atividades florestais, agrícolas e agropecuárias em suas áreas. No entanto, propostas deste sentido podem abrir brechas para que representantes do agronegócio avancem sobre essas terras.

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