Política
Bolsonaro omite verbas extras a parlamentares e diz que apenas ‘ficou na torcida’ por Lira e Pacheco
Segundo o presidente, Câmara e Senado ‘escolheram bons candidatos’; interferência do Planalto no pleito não foi mencionada


O presidente Jair Bolsonaro declarou nesta terça-feira 2 que “ficou apenas na torcida” por seus escolhidos nas eleições para a Câmara e o Senado. Os dois candidatos endossados pelo governo federal venceram: o deputado Arthur Lira (PP-AL) e o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
A afirmação do presidente, no entanto, é falsa. O jornal O Estado de S.Paulo informou que o Planalto liberou 3 bilhões de reais em verbas extras a 285 parlamentares durante a campanha. Às vésperas da eleição, o governo Bolsonaro ainda disponibilizou 504 milhões de reais em emendas destinadas aos redutos eleitorais de deputados e senadores até o último dia 26.
O valor pago em janeiro deste ano, às vésperas da eleição no Congresso, supera as emendas transferidas no mesmo mês de anos anteriores.
Nesta terça, em conversa com apoiadores na porta do Palácio do Planalto, Bolsonaro afirmou que, “no seu entender”, Câmara e Senado “escolheram bons candidatos”. O presidente disse também que “ficou na torcida”.
Ainda na noite de segunda-feira, Bolsonaro foi às redes sociais para comemorar a vitória de seus candidatos. “Em cédula de papel, o Senado Federal elegeu o Senador Rodrigo Pacheco (57 votos de 81 possíveis) para presidir a Casa no biênio 2021/22”, escreveu o presidente.
Horas depois, confirmado o resultado na Câmara, ele voltou a se manifestar. “Arthur Lira é eleito (302 votos em 513 possíveis), em primeiro turno, para presidir a Câmara para o biênio 2021/22”.
– Arthur Lira é eleito (302 votos em 513 possíveis), em primeiro turno, para presidir a Câmara para o biênio 2021/22. pic.twitter.com/bCTNuxoqyH
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) February 2, 2021
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.