Política

Bolsonaro nega ter convocado atos, mas disse “participem” em vídeo

Presidente se defendeu de críticas sobre ter apoiado protestos de 15 de março e desobedecido a recomendações contra coronavírus

O presidente Jair Bolsonaro se defendeu de críticas em meio a pandemia. Foto: Reprodução/YouTube
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O presidente Jair Bolsonaro apareceu de máscara em uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira 18, no Palácio do Planalto, e se defendeu de críticas sobre sua conduta em meio à pandemia de coronavírus.

Em discurso ao lado de ministros e autoridades, Bolsonaro afirmou que a “luz amarela” do governo ocorreu a partir de janeiro, quando o vírus começou a se propagar e brasileiros tiveram de ser resgatados da China.

“Todos nós sabíamos que ele chegaria [o vírus]. É como conter uma expansão do mesmo de forma abrupta. Não tem vacina para o mesmo”, disse.

Em seguida, atacou, indiretamente, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), que tentou deter a presença de pessoas nas praias.

“Até que os primeiros casos começaram a aparecer. Alguns achavam que a gente deveria suspender o carnaval. Tivemos um exemplo esses dias. Um governador quis impedir os brasileiros de irem à praia. Não só foi um fracasso, bem como aumentou o número de pessoas que foram à praia”, declarou.

Bolsonaro se queixou ainda da cobertura da mídia sobre as manifestações do dia 15 de março. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o próprio presidente havia ajudado na convocação do protesto, via WhatsApp. Na data, quando a doença já estava alastrada, ele ainda apertou mãos e tirou fotos com manifestantes, contrariando recomendações do Ministério da Saúde.

Segundo ele, eventos de grande porte também ocorreram quando já havia grande alarme da doença, como a festa de inauguração da emissora filial americana, CNN Brasil.

“Vários eventos aconteceram nos últimos dias, pré-dia 15, inclusive, onde grande concentração de pessoas, as mais altas autoridades do Brasil, se fizeram presentes. Como no lançamento dessa nova TV, a CNN. Outros eventos ocorreram também”, afirmou.

Ele também comparou os protestos de 15 de março à concentração diária nos transportes coletivos de São Paulo.

“O dia 15 eu fui convencido, de forma bastante tranquila, a fazer o pronunciamento na quinta-feira que antecedeu esse dia, e o fiz. O povo, em grande parte, resolveu, por livre e espontânea vontade, comparecer às ruas. Essa concentração foi abaixo de 1 milhão, menos de 20% das concentrações que existem diariamente em São Paulo”, disse. “Por volta de meio-dia do dia 15, vim aqui a esse prédio e cumprimentei os brasileiros aí fora, em grande parte, meus eleitores. Estive ao lado do povo sabendo dos riscos que eu corria, mas nunca abandonarei o povo brasileiro.”

O presidente desmentiu ainda a jornalista Vera Magalhães e a chamou de “inconsequente” por ter noticiado seu apoio aos protestos.

“Após isso, grande parte da mídia potencializou em cima desse evento, como se fosse o único e tivesse sido programado por mim. Não convoquei ninguém, não existe nenhum áudio, nenhuma imagem minha convocando para o 15 de março. Existe, sim, um vídeo, eu convocando para o 15 de março de 2015, contra a presidente naquele momento. Vídeo esse que foi largamente explorado por parte de uma jornalista inconsequente, como se fosse 15 de março de 2020.”

No entanto, em um vídeo publicado em sua própria rede social mostra que o presidente disse “participem”, durante evento em Boa Vista (RR), em escala antes de visitar os Estados Unidos.

“Dia 15, agora, vem um movimento de rua espontâneo. É um movimento espontâneo. E o político que tem medo de movimento de rua não serve para ser político. Então, participem. Não é um movimento contra o Congresso, contra o Judiciário. É um movimento pró-Brasil”, disse.

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